Pesquisa revela aumento da tolerância do brasileiro com governo

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Publicado Terça, 15 de Julho de 2003 às 15:36, por: CdB

O brasileiro está disposto a esperar um ano e nove meses, em média, para que o problema do desemprego seja solucionado. É o que indica pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada nesta terça-feira.

O levantamento revela que o brasileiro está um pouco mais tolerante, disposto a dar mais tempo para o governo Lula amadurecer medidas capazes de mudar a sua vida. De 2,4 anos, em média, verificados na pesquisa anterior, esse prazo passou para 2,5 anos. No início do governo, o tempo médio para Lula promover mudanças na vida da população era de 1,8 ano.

Para o presidente da CNT, Clésio Andrade, o levantamento mostra forte expectativa da população em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De um total de dois mil entrevistados entre os dias 9 e 11 de julho, 41,4% consideraram o governo Fernando Henrique Cardoso responsável pelos altos índices de desemprego no país.

Entre os problemas deixados para Lula, conforme a pesquisa, estaria o aumento da carga tributária nos oito anos em que esteve no poder.

- Esse governo vem adotando medidas duras, mas, nesse momento, as pessoas consideram que o erro vem lá de trás. Então, Lula tem que adotar medidas duras para poder, depois, consertar mais à frente - interpretou Andrade.

Para 19,9% das pessoas ouvidas na pesquisa, o culpado pelo grande número de brasileiros desocupados é a inflação. O governo Lula aparece em terceiro lugar, com 6,1%, seguido de empresas (5,6%) e bancos (1,8%). Na avaliação de 16,3% dos entrevistados, cada um desses fatores tem parcela de responsabilidade pelo desemprego e 9,1% não responderam ou não souberam responder.

Em relação à pesquisa feita após a posse de Lula, em janeiro, os dados mais recentes mostram que o número de pessoas confiantes na redução do desemprego durante o governo Lula diminuiu de 78,2% para 59,2%.

Enquanto isso, a parcela de entrevistados que acreditam no aumento do desemprego na atual gestão passou de 10,3 % (janeiro) para 22,8% (julho). A margem de erro da pesquisa CNT/Sensus é de até 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa foi realizada em 195 municípios de 24 estados das cinco Regiões. Para 22,6% dos entrevistados, o presidente necessitará de outro mandato para conseguir mudar a vida dos brasileiros, índice que, em maio, era de 20,4%.

 De acordo com Clésio Andrade, os números têm ligação com a confiança que grande parte dos brasileiros depositam em Lula, que mantém a popularidade alta após seis meses de governo. Do total de entrevistados, 77,6% disseram que aprovam o desempenho pessoal do presidente, enquanto 14,4% desaprovam.

- Como as pessoas acreditam fortemente no presidente, o nível de tolerância também aumenta, ou seja, as pessoas começam a dar um prazo maior para se corrigir os problemas. Elas pensam: se o presidente Lula não fizer, é porque não deixaram fazer - observou Andrade. No entendimento dele, a pesquisa mostra que a população, em geral, separa a imagem de Lula do governo.

Prova disso, destacou Andrade, é que a pesquisa também mostra a redução da avaliação positiva do governo Lula. De 51,6% em maio, esse índice caiu para 46,3% em julho, enquanto a avaliação negativa subiu de 7,2% para 10,3%.

A avaliação regular variou de 35,7% em maio para 38,8% em julho. Segundo Andrade, a queda da avaliação positiva do governo se deve, entre outros fatores, à demora na retomada do crescimento econômico e na aprovação das reformas da previdência e tributária.

A maioria dos entrevistados (83,5%) acha que o brasileiro paga muitos impostos e tributos. No entendimento de 7,2%, a população paga o que é justo e apenas 5,7% acham que pagam pouco.

Dos dois mil entrevistados, 76,2% pensam que o governo arrecada muito e aplica mal os recursos, enquanto 5,5% acham que, apesar de arrecadar bastante, o governo usa bem o dinheiro. Apenas 8,2% consideram a arrecadação

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