Petistas apoiam intenção de Lula e Dilma de perdoar os ‘paneleiros’

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Publicado Terça, 14 de Novembro de 2017 às 12:15, por: CdB

Os ex-presidentes Dilma e Lula adotam posição conciliadora frente aqueles que apoiaram golpe de Estado.

 

Por Redação, com DW - de Berlim e São Paulo

 

Após desviarem-se das pedradas de parcela da esquerda brasileira, que não perdoa os manifestantes daquelas passeatas — com camisa verde e amarela e ‘panelaços’ —, os presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva seguem adiante com uma nova estratégia. Iniciaram um discurso conciliador; para ganhar o apoio daqueles eleitores arrependidos por apoiar o golpe de Estado, em curso no país.

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Dilma tem em Lula seu principal conselheiro político e maior cabo eleitoral

A iniciativa de ambos os líderes petistas, apesar da reticência de militantes, mesmo de alguns graduados, no entanto, parece entendida por outra parcela do campo progressista. Em um texto intitulado Entendam a Dilma, publicado nesta manhã, em uma rede social, o midiativista Gerson Carneiro define assim o seu ponto de vista:

"Entendam a Dilma

Eu sei que estamos com sangue nos olhos. Inclusive eu. Mas tem um detalhe: eu não vou disputar eleição e não preciso conquistar voto de ninguém.

Eleição se ganha com votos. Não tem outra forma.

Lembrem-se que na última eleição a diferença foi pífia.

O voto dos arrependidos terá um peso significativo. E precisa ser conquistado.

Dilma está correta

Na posição dela não pode pregar revanche. É mais inteligente tentar conquistar o voto dos arrependidos.

Se for para revidar, teria que ser com armas que matam. Isso tem alguma possibilidade? Não.

O discurso de ódio deixa para o Serra, Aécio, Aloysio Nunes... et caterva da imprensa tucana.

Em algum momento, toda essa gente que baba de ódio contra o PT vai perceber que esse comportamento só está levando o Brasil ao inferno. O dia a dia está aí. A gasolina por exemplo, está aumentando de preço toda semana. As tais reformas, também estão infernizando a vida de todo mundo. Em algum momento a ficha vai cair para todos os que ainda relutam em não admitir que fizeram merda.

Não se preocupem que a Dilma não está arrefecendo.

Ela acabou de soltar uma nota, rebatendo o Merval Pereira que pregou que Dilma deve ser presa, afirmando que não se calará. Vai continuar denunciando que foi golpe.

Portanto entendam:

Uma coisa somos nós militantes e eleitores. Não admitimos perdão.

Outra coisa é estar na posição da Dilma. Ela tem três opções:

a) apregoar revanche;

b) apregoar conciliação;

c) exilar-se e sair de cena.

Alguém tem outra sugestão?

Reflitam", escreveu Gerson Carneiro.

Estender pontes

Para o jornalista Breno Altman, editor da revista Samuel e do site Opera Mundi, tanto Dilma quanto Lula acertaram ao buscar a aproximação com aqueles brasileiros iludidos pela propaganda da ultradireita. Considera-os vítimas de um conluio entre a mídia e os setores mais retrógrados da sociedade brasileira. Altman também publicou uma nota, em sua página em uma rede social, sob o título Dilma tem razão:

A entrevista da ex-presidente Dilma Rousseff à rede alemã Deutsche Welle (DW) esclarece declaração de Lula e coloca com clareza um ponto fundamental: uma coisa são os planejadores e organizadores do golpe, outra as massas médias que compraram gato por lebre e foram às ruas contra o governo petista. Os primeiros precisam ser isolados e derrotados, são inimigos do povo brasileiro, os segundos devem ser criticados e cobrados, mas com a lógica de convencê-los e estender pontes para que transitem do campo golpista para o bloco popular. Não há qualquer chance de recuperarmos maioria eleitoral e social no país sem a reconquista do apoio de parte das camadas médias.

Entrevista

Em viagem pela Alemanha, Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à DW na segunda-feira em Berlim, que o Brasil "precisa se reencontrar”. E que o PT não deve ter um espírito vingativo nas próximas eleições.

Dilma disse que seu governo foi vítima de um golpe, mas que é hora de "perdoar a pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava". Ela também afirmou que não vê problemas em alianças entre seu partido e figuras como o senador Renan Calheiros.

No aspecto pessoal, a presidenta deposta contou que tenta manter a rotina de exercícios físicos e de tempo com a família. Também não descartou voltar a concorrer a um cargo político. E, em meio à controvérsia envolvendo a declaração racista do jornalista William Waack, afirmou:

— O PT é coisa de preto, eu sou coisa de preto.

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