Para o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielle, o Brasil depende do gás boliviano, assim como a Bolívia precisa dos investimentos brasileiros. O executivo voltou a comentar, nesta segunda-feira, as negociações entre a empresa e o governo boliviano, que implementa um processo de nacionalização das reservas de gás do país e planeja aumentar o preço do gás vendido ao Brasil. A Petrobras já investiu, desde 1996, US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para transportar o gás boliviano no território brasileiro.
Gabrielli usou praticamente a mesma expressão utilizada pelo ministro boliviano Andrés Solíz (Hidrocarbonetos) e disse que “tanto nós precisamos da Bolívia quanto a Bolívia precisa do Brasil”. Semana passada, Solíz argumentou que o país poderia vender seu gás a outros mercados que não o brasileiro, ao ressaltar que 80% do produto consumido em São Paulo era boliviano. Gabrielli, no entanto, ao mencionar a mesma interdependência, lembrou que dois terços das exportações bolivianas de gás dependem do Brasil, assim como 33% da receita tributária do país era originada pelas atividades da Petrobras.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que participa em Belo Horizonte da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), admitiu que há uma proposta brasileira para a solução do contencioso, mas prefer não divulgá-la por enquanto. Segundo o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, há uma negociação em curso com os bolivianos e que iria “evocar a questão petroleira” durante a visita de Evo Morales, presidente da Bolívia, ao Brasil.