PF faz buscas e apreensão na sede da Precisa Medicamentos 

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Publicado Sexta, 17 de Setembro de 2021 às 07:53, por: CdB

A Precisa Medicamentos intermediou a compra de doses da Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. A operação foi requerida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.

Por Redação, com DW - de Brasília

A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta sexta-feira mandados de busca e apreensão em endereços da empresa Precisa Medicamentos em Barueri e Itapevi, no Estado de São Paulo, após solicitação dos senadores da CPI da Pandemia.
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Polícia Federal faz buscas e apreensão na sede da empresa Precisa Medicamentos
A empresa é investigada pela comissão por ter intermediado a compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde, em negociações envoltas em uma série de suspeitas de irregularidades. O alvo da operação desta sexta – autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), foram escritórios da empresa e locais de armazenamento de distribuição de produtos. A CPI havia pedido que a PF também realizasse buscas no Ministério da Saúde, mas a Procuradoria-Geral da União (PGR) se posicionou contra, e o pedido foi negado. O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AL), disse que a operação visa encontrar o contrato original da Precisa com a Bharat Biotech, farmaucêutica indiana que produz a Covaxin. Segundo ele, a CPI tentou de diversas formas obter o documento e não conseguiu.

A resposta da Precisa

A Precisa Medicamentos negou através de nota qualquer envolvimento em irregularidades, e disse ser "inadmissível, num Estado que se diz democrático de direito, uma operação como essa". A empresa garante que entregou todos os documentos à CPI, e lembrou que três de seus representantes prestaram depoimento não somente à comissão, mas também à PF e à Controladoria-Geral da União (CGU), além de entregarem toda a documentação exigida ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). A operação desta sexta, segundo a Precisa, "é a prova mais clara dos abusos que a CPI vem cometendo, ao quebrar sigilo de testemunhas e ameaçar com prisões arbitrárias quem não responder as perguntas conforme os interesses de alguns senadores com ambições eleitorais", diz a nota assinada pelos advogados da empresa. A Precisa afirma ainda que a comissão "ocupa o Judiciário com questões claramente políticas para provocar operações espalhafatosas e desnecessárias", e que, dessa forma, "repete o modus operandi da Lava Jato, com ações agressivas e midiáticas". "Essa busca e apreensão deixará claro que a Precisa Medicamentos jamais ocultou qualquer documento."

O caso Covaxin

O Ministério da Saúde anunciou em fevereiro que havia assinado um contrato para comprar 20 milhões de doses da Covaxin, a US$ 15  por dose, totalizando na época R$ 1,6 bilhão. Nenhuma dose do imunizante chegou ao país, devido a dificuldades de aprovação na Anvisa e outros problemas. A CPI da Pandemia apura pressões dentro do governo brasileiro para liberação da vacina e suspeitas de superfaturamento, favorecimento e outras irregularidades no contrato. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), é apontado como mentor das supostas irregularidades na compra da vacina. O nome dele foi mencionado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda. Em depoimento à CPI, eles disseram que alertaram o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março sobre problemas no contrato, e que o presidente teria prometido acionar a Polícia Federal. Entretanto, nenhum inquérito foi aberto após a conversa. O deputado Miranda também afirmou que Bolsonaro teria dito na ocasião que a Covaxin era um "rolo" de Barros. O presidente se tornou alvo de uma notícia-crime enviada por um grupo de senadores ao Supremo Tribunal Federal por esse motivo. Após as denúncias, a compra da Covaxin acabou suspensa. Os valores não chegaram a ser pagos pelo governo. O escândalo é investigado não apenas pela Polícia Federal, mas também pelo MPF e o TCU.
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