Temer, aconselhado por seus assessores, adota a estratégia de se distanciar, ao máximo, das repercussões negativas causadas pelas delações de mais de 70 executivos da empreiteira Norberto Odebrecht na Lava Jato
Por Redação – de Brasília
A base aliada ao governo do presidente de facto, Michel Temer (PMDB), passou agora a discutir, publicamente, uma estratégia para tentar deter a ação das investigações sobre o escândalo de corrupção que atingiu a Petrobras, entre outras estatais brasileiras. Parcela considerável de seus assessores mais próximos e líderes das legendas que o apoiam no Congresso, está citada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).
Temer, aconselhado por seus assessores, adota a estratégia de se distanciar, ao máximo, das repercussões negativas causadas pelas delações de mais de 70 executivos da empreiteira Norberto Odebrecht. A construtora confessou sua participação no cartel que causou prejuízos bilionários aos cofres públicos. A Lava Jato, assim, apressou o passo do governo imposto com a deposição da presidenta Dilma Rousseff na tentativa de paralisar as investigações.
A discussão se intensificou com o desgaste do ex-governador Wellington Moreira Franco. Um dos coordenadores do golpe de Estado, em curso, Moreira foi citado por mais de um dos executivos da Odebrecht como corrupto passivo. Ele agora tenta evitar seu julgamento na corte do juiz Sérgio Moro. Para isso, segundo ações em curso na Justiça, foi levado ao primeiro escalão do governo. Com foro privilegiado, tenta a sorte no Supremo Tribunal Federal (STF), para onde Temer indicou seu amigo e colaborador na pasta da Justiça, Alexandre Moraes.
Blindagem
Em tom legalista, Temer reafirmou, nesta segunda-feira, que seu governo não pretende interferir na Lava Jato. E prometeu que qualquer ministro denunciado, judicialmente, será afastado em caráter provisório, o que poderá ocorrer nas próximas semanas. Se a autoridade se tornar ré, diz ele, o afastamento será definitivo. Para tanto, o prazo previsto é de mais de um ano, a seguir o passo das matérias analisadas no STF.
— Se houver denuncia, o que significa um conjunto de provas que eventualmente possam conduzir ao seu acolhimento, o ministro será afastado provisoriamente. Se acolhida a denuncia, ai sim, a pessoa, no caso de o ministro se transformar em réu, o seu afastamento será em definitivo. Não há tentativa de blindagem. Se alguém converter-se em réu, estará afastado definitivamente — disse Temer.
Em breve pronunciamento, Temer negou que o governo busque blindar aliados da Lava Jato. O discurso ocorreu em meio à judicialização da nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. E disse que o governo jamais terá como impedir a Lava Jato.
— O governo não quer blindar ninguém. E não vai blindar ninguém. Apenas não pode aceitar que a simples menção inauguradora de um inquérito, para depois inaugurar um processo, possa ser tomada em definitivo — disse Temer.
Previdência
Para conter aqueles que pediram a cassação de Dilma, Temer se dirá contrário a anistia ao caixa 2 dos partidos. A pauta passa a ser analisada, em regime de urgência, no Senado. Presidente da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado e seu correligionário, Edison Lobão (PMDB-MA) não disfarça. Passou a defender, abertamente, o fim da punição.
Pesquisa encomendada pelo Palácio do Planalto e vazada para a mídia conservadora, no entanto, guarda notícias ainda mais graves. A rejeição à reforma da Previdência, fundamental para a agenda neoliberal que sustenta o apoio da direita ao governo, porém, aumenta em escala geométrica.
Junto ao público em geral, segundo a pesquisa, a ampla maioria dos entrevistados manifestou-se contra a reforma. Principalmente, em relação à exigência de 49 anos de contribuição para que o trabalhador tenha direito à aposentadoria integral. Os números da pesquisa tem peso na posição dos parlamentares, que já não estão dispostos a apoiar as medidas.