Com a presença de mais de 40 líderes internacionais, o Museu do Holocausto de Jerusalém está sendo inaugurado nesta terça-feira em meio a uma polêmica que reflete as divisões ideológicas entre os judeus.
No material de promoção do museu, o ministério das Relações Exteriores de Israel defende a posição de que:
– A criação do Estado de Israel e o sionismo são a única resposta para o Holocausto.
A afirmação foi contestada pelo diretor do museu, Avner Shalev, para quem:
– É impossível negar a diáspora (comunidades judaicas que vivem fora de Israel).
– A vida que os judeus criaram na diáspora também é uma resposta legítima – afirmou Shalev.
Ele também disse que o museu quer trazer uma mensagem humanista:
– Para que a humanidade se lembre do passado e também garanta o futuro.
De acordo com Shalev, o tema central do novo museu é o indivíduo:
– As histórias particulares, individuais, representadas por centenas de obras de arte feitas por vítimas do Holocausto.
O arquiteto Moshe Safdi, que projetou o novo museu, declarou que a estrutura do prédio, na forma de um cone escavado na terra, traz a mensagem da memória de um passado sombrio, mas também de uma esperança de renovação e de vitória da vida.
Segundo o arquiteto, o visitante do museu, depois de passar por vários espaços subterrâneos, onde se encontra com o passado sombrio do Holocausto, se depara com uma saída iluminada, na extremidade do cone, onde vê a paisagem de Jerusalém.
O museu é composto por galerias temáticas, como o surgimento do nazismo, a invasão da União Soviética, os campos de concentração, a resistência e a libertação.
Em cada galeria, histórias das pessoas que viveram na época são contadas por meio de seus diários, cadernos, fotos de família e até por itens pessoais que elas mesmas confeccionaram enquanto estavam nos campos de concentração.
Também são exibidos vídeos com depoimentos de sobreviventes.
Uma rua do gueto de Varsóvia foi recriada usando pedras originais, trilhos de bonde e postes ainda marcados com tiros de metralhadora da época do levante.
Vitrines mostram relógios de pulso e pulseiras. Malas de couro que carregavam os bens daqueles que foram assassinados estão em uma galeria, do lado oposto ao vagão que os levou para a morte.
A inauguração do museu também foi criticada por não contar com a participação de sobreviventes do Holocausto.
Um dos sobreviventes, Peter Tzenor, escreveu uma carta amarga ao jornal Haaretz:
“Durante a minha adolescência eu me perguntava por que minha falecida mãe me salvou, me escondeu, me trouxe para a Palestina, e meu pai e minha irmã foram assassinados no Holocausto. Agora já sei a resposta: para ver os líderes internacionais e os burocratas israelenses na inauguração do Museu do Holocausto”.
De acordo com o porta-voz do museu, os sobreviventes serão convidados em uma outra ocasião, no começo do mês de maio.
Polêmica marca inauguração do Museu do Holocausto de Jerusalém
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Publicado terça-feira, 15 de março de 2005 as 14:53, por: CdB