A polícia alemã informou, no último dia 13, que "durante a noite de Réveillon, não houve ataques em massa de refugiados na Fressgass. As acusações são infundadas"
Por Redação, com agências internacionais - de Frankfurt, Alemanha
Uma investigação da polícia alemã revelou que eram mentirosos os relatos de abuso sexual supostamente cometidos por refugiados no último Réveillon em Frankfurt. O suposto ataque foi noticiado no último dia 5 pelo jornal alemão Bild.
A publicação classificou como "assédio em massa" os relatos de que um grupo de homens, de aparência árabe, teriam molestado mulheres que estavam em um bar na Fressgass. Trata-se de uma tradicional rua de bares e restaurantes na cidade ao sul da Alemanha.
Mentiras deslavadas
A polícia alemã informou, no último dia 13, que "durante a noite de Réveillon, não houve ataques em massa de refugiados na Fressgass. As acusações são infundadas". "Entrevistas com testemunhas, clientes e empregados levaram a grandes dúvidas quanto à versão dos eventos que foi apresentada inicialmente", diz o relatório policial.
Uma das vítimas do suposto ataque relatou ao Bild que "eles (os homens árabes) me tocaram embaixo da minha saia, entre as pernas e no meu peito". A investigação da polícia, no entanto, apontou que essa mulher sequer estava em Frankfurt na noite do Réveillon.
Funcionários do bar onde teria ocorrido o caso e donos de outros estabelecimentos na mesma rua afirmaram não ter lembrança de qualquer incidente durante o Ano-Novo. O registro de ocorrências policiais também não aponta incidentes na Fressgass durante a festa de Réveillon.
Pedido de desculpas
Duas pessoas estão sob investigação por espalharem os falsos rumores e desperdiçar os recursos policiais. Com circulação diária de cerca de 3 milhões de exemplares, o Bild é o maior jornal da Europa. Em nota divulgada neste domingo, o jornal pediu desculpas pela reportagem.
"A equipe editorial do Bild pede desculpas pela reportagem não verdadeira e as acusações aos envolvidos. Essa reportagem não corresponde de forma alguma aos padrões jornalísticos do Bild". O texto foi retirado do site do jornal.
Logo após a publicação da reportagem, o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) criticou a segurança da cidade. A sigla, de cunho neonazista, tem discurso anti-imigração. E ataca a política da chanceler Angela Merkel de portas abertas aos refugiados. Ao investigar o dono do bar, Jan Mai, a polícia descobriu na página do Facebook dele publicações de apoio à AfD.
Portas abertas
Depois da investigação policial apontar que os relatos de assédio eram falsos, o partido recuou. "Nossa avaliação do caso foi obviamente errada", afirmou o líder da AfD em Frankfurt, Rainer Rahn.
A crise dos refugiados e o temor com a insegurança serão temas importantes da eleição federal alemã, marcada para setembro.
Os ataques a mulheres no Réveillon de Colônia em 2016 impulsionaram as críticas à política de Merkel. O país recebeu quase 1 milhão de refugiados em 2015.