Polícia combate desvio de verbas em empresa de saneamento de Goiás

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Publicado Quinta, 28 de Março de 2019 às 07:46, por: CdB

As investigações indicam que parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do Estado.

Por Redação, com ABr - de Brasília

A segunda fase da Operação Decantação, da Polícia Federal, foi deflagrada nesta quinta-feira, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, para combater fraude em licitações e desvio de dinheiro público da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). Estão sendo investigados dirigentes da empresa e agentes públicos do governo do Estado, entre os anos de 2012 e 2016.
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PF combate desvio de verbas em empresa de saneamento de Goiás
As investigações indicam que parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do Estado. De acordo com a PF, apurou-se ainda que o ex-vice-governador José Eliton teria utilizado, por diversas vezes, um avião pertencente a uma das empresas favorecidas pelos contratos. Eliton foi vice do governador Marconi Perillo entre 2012 e 2016 e assumiu o governo quando Perillo se candidatou à reeleição. A ação é decorrente da análise de materiais apreendidos na primeira fase da Operação Decantação, deflagrada em 2016, que “desarticulou célula criminosa responsável pelo desvio de cerca de R$ 4,5 milhões da Saneago”, diz a PF.

Direcionamento de licitação

– Foi constatado que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos junto à companhia de saneamento, mesmo com impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação – diz ainda a Polícia Federal. As investigações apontaram indícios de que as empresas também foram utilizadas para lavagem de dinheiro, “uma vez que ficou comprovada transferência de valores da ordem de R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete do ex-governador e a conta de uma das empresas”. Os policiais federais cumprem desde as primeiras horas desta manhã, em endereços em Goiânia e Aparecida de Goiânia, cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão, expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás. A Justiça determinou também o sequestro de 65 imóveis avaliados em R$ 35 milhões e o afastamento da função pública de dois servidores da Saneago. De acordo com a PF, o nome da operação, Decantação, é uma referência a um dos processos de tratamento de água distribuída à população.

Ex-governadores são investigados

Dois ex-governadores de Goiás são alvos das investigações da Polícia Federal sobre fraude em licitações e desvio de dinheiro público da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). De acordo com o delegado Charles Gonçalves Lemes, ainda não é possível divulgar nomes já que o inquérito está em segredo de Justiça. Lemes disse que a segunda fase da Operação Decantação, deflagrada nesta quinta-feira, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, é resultado de análises de materiais apreendidos na primeira fase da operação, deflagrada em 2016. – Ficou demonstrado de forma veemente que há um nicho de favorecimento a um grupo de três empresas de propriedade de um único casal. Tudo com o apoio de um servidor da Saneago que ocupava à época a direção da gestão corporativa da empresa e que foi alocada comprovadamente para defender interesses do ex-chefe de gabinete do ex-governador e dessas empresas – afirmou. São investigados dirigentes da empresa e agentes públicos do governo do estado, entre os anos de 2012 e 2016. De acordo com a PF, um ex-chefe de gabinete criou duas empresas de fachada em sua residência “para lavar o dinheiro desses contratos” que eram firmados com a companhia estadual. Agentes cumpriram cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão, expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás. Nas ações foram encontradas duas malas com cerca de R$ 1 milhão em espécie em cada. Uma estava em um carro do ex-chefe de gabinete do governo goiano e outra na residência da filha desse servidor que também é alvo da operação. – A filha do ex-chefe de gabinete do governo que ocupava a chefia de comunicação da governadoria de Goiás junto ao Distrito Federal fez um saque de R$ 3 milhões em espécie enquanto tinha salário de R$ 3.700 – contou o delegado. As movimentações atípicas, consideradas incompatíveis com a renda da servidora ainda se repetiram em 2012 e em 2014, quando foram movimentados R$ 28 milhões em sua conta bancária. Segundo Lemes, o prejuízo da Saneago “é estratosférico e inestimável”. O grupo de empresas era vencedor de todas as licitações realizadas pela companhia incluindo um contrato de alocação de máquinas no valor de R$ 32 milhões. “Alocação de máquinas não era o ramo de nenhuma dessas empresas e ainda assim elas venceram a licitação”, completou o delegado.
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