Populismo é tentação para Lula, prevê instituto

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Publicado Quarta, 07 de Abril de 2004 às 08:39, por: CdB

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofrerá a tentação de dar uma guinada populista em política econômica, caso extenda-se a queda nos índices de popularidade do presidente da República caia de forma expressiva. A previsão é do Institute of International Finance (IIF), em seu mais recente relatório sobre o Brasil. Neste caso, a reviravolta na economia viria com um aumento dos gastos públicos ou com a concessão de subsídios a determinados setores da economia, e consequentemente redução do esforço fiscal do governo. Esse é o grande risco que o IIF aponta, ao apresentar suas perspectivas para a economia do país.

O IIF diz que a reação negativa do mercado, nesta hipótese, seria "imediata e severa", prejudicando as projeções de crescimento a médio prazo. A crise política, detonada com o escândalo Waldomiro Diniz, está começando a se dissipar e não deve prejudicar a popularidade do presidente Lula se continuar como um incidente isolado, de acordo com o IIF. No relatório, o instituto cita pesquisas que apontam que 80% da população acreditam que o presidente não estava a par dos acontecimentos envolvendo o ex-assessor do Palácio do Planalto. O IIF pondera que o resultado das eleições municipais de outubro será importante para a definição do futuro do governo Lula.

Se o PT tiver um desempenho ruim ou derrotas expressivas, crescerão as pressões políticas em favor de mudanças na economia. Apesar desta advertência, o IIF diz, no relatório, que espera a recuperação do crescimento, do emprego e da renda real entre o 2º e 3º trimestres deste ano, o que deve facilitar o desempenho eleitoral da base partidária do governo e consequentemente do Executivo. "Uma vitória expressiva do PT não apenas fortaleceria a base política de Lula como a probabilidade de sua reeleição em 2006, assim como o apoio às reformas", diz o relatório do IIF.

Na hipótese contrária, de derrota e enfraquecimento do PT, a expectativa é de que, além de uma guinada populista na condução da economia, a aprovação de reformas no Congresso ficaria difícil. De acordo com o IIF, isso seria prejudicial ao País a médio prazo, porque o crescimento sustentado, numa base de 4,5% ao ano, depende da aprovação de reformas, como a da legislação trabalhista, da reforma do Judiciário, e melhorias na infra-estrutura do País (energia e telecomunicações).

Vulnerabilidade permanece

Apesar da expressiva recuperação em 2003, o Institute of International Finance (IIF) afirma que a economia brasileira continua vulnerável a choques externos, à deterioração das condições políticas internas e ao afrouxamento de políticas. A base desta vulnerabilidade, diz o IIF, é a alta dívida pública do País que é sensível ao humor dos mercados. A partir de uma hipótese positiva, em que o esforço fiscal será mantido e não haverá mudanças significativas no cenário externo, o IIF projeta que a relação dívida líquida do setor público contra PIB será de 56% no final de 2004.

No relatório sobre o Brasil, o instituto projeta um crescimento de 3,4% para o PIB brasileiro neste ano, que virá do aumento do consumo e de investimentos. Em 2005, a expectativa é de uma expansão do PIB de 3,6%. As projeções são otimistas para o IPCA: 5,9% no fechamento deste ano e 4,5%, em 2005. A partir de abril ou maio, o IIF acredita que as pressões inflacionárias sazonais se dissiparão, permitindo a queda das taxas de juros.

No final de 2004, a expectativa é de que a Selic esteja entre 14% e 13%. A projeção é de que a taxa de câmbio feche o ano entre R$ 3,00/R$ 3,20, sem causar pressão nos índices de preços. O IIF acredita que o Banco Central irá aumentar, ao longo deste ano, as reservas internacionais do País, para preparar a saída do País do Fundo Monetário Internacional (FMI). A projeção é de que as reservas ultrapassem US$ 50 bi no final de 2005, sendo que no final deste ano, seriam US$ 34,7 bilhões.

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