Por que a direita não quer a delação da JBS?

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Publicado Quarta, 13 de Setembro de 2017 às 05:05, por: CdB

A direita brasileira nunca aceitou os ditos benefícios concedidos pelo Ministério Público Federal (MPF) e o Supremo Tribunal Federal (STF) ao time da JBS no seu acordo de delação premiada

Por Eron Bezerra - de Brasília:

A JBS apresentou provas concretas, gravações e filmagens, demonstrando vários tipos de crime, dentre os quais corrupção, praticados por Michel Temer (que ainda responde pela presidência do país) e o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e seu candidato à presidência nas eleições de 2014.

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Joesley Batista

Pelo o acordo, os delatores ganhariam imunidade e os dois denunciados (Temer & Aécio) deveriam ser exemplarmente punidos, no mínimo perdendo os cargos por absoluta incompatibilidade moral.

Os benefícios concedidos a JB&F estão ameaçados, mas Temer & Aécio, até o presente, não sofreram qualquer punição. Por que?

Para as forças conservadoras, reacionárias, de direita, a delação da JBS tem dois "pecados" de origem. O 1º é ter entregado seus expoentes (Temer & Aécio), exatamente os personagens que executam a sua política de desmonte do país; e de ataques aos direitos sociais e trabalhistas; E o 2º, até mais "imperdoável" na lógica da direita, é não ter apresentado qualquer prova contra Lula.

Malas e malas

E agora, mesmo com as “malas e malas” de Geddel Vieira, íntimo de Temer; não se vê mobilização a altura no sentido de livrar o país desse grupo; que tomou o governo através de um golpe na busca de impunidade e, principalmente, para dilapidar o patrimônio público, através de privatizações; e eliminar os parcos direitos sociais e trabalhistas que o povo conquistou a duras penas.

E essa particularidade do golpe, infelizmente, ainda não foi inteiramente compreendida por boa parte das forças que se colocam no campo de esquerda; seja por limitações teóricas ou; pior, por uma estúpida conveniência particular, onde os interesses do país e de sua população são secundarizados e mesmo desprezados em nome de objetivos meramente eleitorais.

O golpe

O golpe não foi dado apenas para retirar a presidenta Dilma Rousseff.

Essa foi a parte mais fácil, inclusive porque contou com a ajuda de gente íntima do círculo de “poder”; o chamado “fogo amigo”, expresso tanto na ausência de uma defesa mais consistente como numa indisfarçável torcida pela deposição da presidenta.

O objetivo de fundo do golpe é o que se agiganta à nossa frente: saquear o país; massacrar o povo, concentrar ainda mais riqueza na mão dos poderosos e buscar impunidade para eles; enquanto os adversários são desavergonhadamente perseguidos e retaliados.

Quem conhece minimamente teoria de estado não ficará surpreso com essa escancarada parcialidade.

Luta de classes

Compreenderá perfeitamente que o estado nada mais é do que um instrumento de dominação da classe dominante. Logo; a serviço dos "seus", jamais da justiça. Entenderá que essa é mais uma clara demonstração da luta de classes que move a sociedade; cuja essência só será alterada com a mudança do próprio estado.

E, assim, constatará que só nos resta o caminho da resistência ampliada;  eliminando a falsa dicotomia “golpista versus não golpista” e buscando alianças para evitar o criminoso desmonte do país e o massacre contra os direitos do povo.

Forças progressistas

Quem nunca compreendeu isso certamente ficará atordoado, ou prostrado; diante da virulência com que as forças progressistas são atacadas e da parcimônia dispensada aos próceres da direita.

O tempo, e não o clima, é de turbulência, mas é preciso ter presente os ensinamentos do grande poeta Thiago de Melo de que; apesar de tudo, “faz escuro mais eu canto, porque um outro amanhã vai chegar”.

 

Eron Bezerra, é professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB.

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