Uma avaliação da Justiça, no entanto, determinou o leilão do bem de Aécio Neves. O preço foi fixado em R$ 2,5 milhões. O lance mínimo para arrematá-lo foi ainda menor — R$ 750 mil.
Por Redação - de Belo Horizonte
O edifício que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ofereceu ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, por R$ 17,3 milhões foi colocado à venda, na capital mineira, por menos de 15% do que foi pago pelo empresário. Cerca de um ano atrás, em telefonema gravado com autorização judicial, Neves ofereceu o imóvel na base do "fazendo de conta" que o valor era aquele inicial. O dinheiro pedido, cerca de R$ 2 milhões, disse ele, seria para pagar custas de advogados.
Uma avaliação da Justiça, no entanto, determinou o leilão do bem. O preço foi fixado em R$ 2,5 milhões. O lance mínimo para arrematá-lo foi ainda menor — R$ 750 mil. O preço é equivalente ao de um apartamento de três quartos no Plano Piloto, em Brasília.
Em sua delação, Joesley disse que, a pedido de Aécio, aceitou pagar preço superfaturado pelo imóvel para cobrir dívidas de campanha do senador. O prédio era da editora Ediminas, do empresário Flávio Carneiro, ligado ao congressista. No local, funcionava o jornal "Hoje em Dia".
Decoro
Neves, após um período em prisão domiciliar, teve o mandato restaurado. Mas o retorno do tucano permanece um embaraço entre as diversas forças da Casa.
Para a líder do PSB no Senado, Lídice da Mata, a sociedade esperava dos parlamentares que eles confirmem a decisão do STF, o Supremo Tribunal Federal, que além de afastar Aécio de suas funções políticas, também impôs ao tucano uma medida de recolhimento noturno.
— Há uma inequívoca quebra de decoro parlamentar praticada pelo senador que não pode deixar de ser analisada. Não é possível que só haja lei pra um lado. Essa situação precisa ser resolvida pra que o Senado possa dar uma satisfação à opinião pública de sua responsabilidade com o país — afirmou a senadora, a jornalistas.
Reitegrado
Embora desgastado pelo envolvimento em escândalos de corrupção em série, Aécio Neves não teve dificuldades para conseguir os 41 votos necessários para derrubar a decisão do Supremo. O voto dos políticos da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem nove parlamentares não influiu no resultado.