Segundo Esquivel, a visita ao ex-presidente Lula seria importante para trocar informações; além de fazer o lançamento da candidatura de Lula ao Nobel.
Por Redação, com ACSs - de Curitiba e Rio de Janeiro
Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel disse ser obrigação moral lutar pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele encabeça a lista com mais de 200 mil assinatura, para que Lula seja indicado ao título da Academia Sueca. “A campanha será, oficialmente, lançada em setembro”, disse Esquivel.
Para ele, o ex-presidente merece a premiação por ter retirado mais de 30 milhões de pessoas da miséria. Nesta quarta-feira, Pérez Esquivel teve negado o pedido para uma visita de inspeção ao ex-presidente Lula. A juíza federal Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, negou o pedido, em despacho nesta tarde.
Segundo Esquivel, a visita seria importante para trocar informações; além de fazer o lançamento da candidatura de Lula ao Nobel.
— Lula é um homem que em todo o seu trabalho pensou nos mais necessitados, nos marginalizados. Tirou da pobreza e da fome mais de 30 milhões de brasileiros. Lula tem reconhecimento da ONU, FAO, OEA e Unesco. Nenhum presidente do mundo fez isso. É um caso único, por isso o prenderam e deram o golpe em 2016 — observou Pérez Esquivel.
Lula Livre
Ele explicou que está conversando e trocando informações com outros ganhadores do Nobel da Paz de países como Espanha, Alemanha, Itália e Egito, entre outros, para entregar uma documentação sobre Lula ao Comitê do prêmio e lançar sua candidatura, no próximo mês de setembro, época das inscrições.
— As possibilidades de Lula ganhar são muitas. Seria o primeiro Prêmio Nobel do Brasil e seria muito importante esse reconhecimento — acrescentou.
Esquivel disse ainda que muitos países estão preocupados com a situação do Brasil, que é preciso trabalhar a resistência, não ser cúmplice das injustiças, não permitir as injustiças, lutar contra a impunidade, e por isso quer Lula Livre.
Controle social
Segundo o Nobel da Paz, estão destruindo o sistema progressista do continente latino-americano. A democracia está em perigo com os povos perdendo direitos e liberdade.
Ele citou ainda o assassinato e a prisão de mais de 100 jornalistas no continente latino-americano, e lembrou que as forças policiais e armadas desses países, incluindo o Brasil, estão sendo treinadas na Palestina, por Israel.
Segundo afirmou, o parlamento israelense aprovou a tortura como forma de repressão.
— É um treinamento para controle social, e aplicam essa política, essa metodologia repressiva aqui no continente.
Unidade
De acordo com Esquivel, é uma obrigação moral, como companheiros de luta, lutar pela liberdade, fortalecer a unidade entre os povos. Que não é preciso pensar igualmente, mas ter objetivos comuns.
— Precisamos encaminhar a palavra, com uma palavra podemos amar e com uma palavra podemos destruir como uma arma. A palavra nesse momento é unidade, para pensar juntos, para construir. O dia que deixarmos de sorrir pela vida, é porque perdemos do capitalismo e o capitalismo nasceu sem coração — disse.
O Nobel da Paz incentivou a busca por alternativas de economia solidárias, economias regionais e, em especial, a educação. Citando Paulo Freire como exemplo, disse que a educação existe como prática da liberdade.
Diversidade
— Muitas vezes pensamos que a liberdade não é fazer nada. Liberdade é lutar pela justiça, se não há justiça, não há paz e não há liberdade. Devemos incluir nos direitos dos povos a sua identidade, seus valores e sua espiritualidade porque ser povo não é contar muita gente, é ter identidade; pertencer a algo. É o sentido da vida; é a força para construir novas possibilidades de vida — analisou.
Na entrevista, as memórias da vereadora do PSOL e militante dos direitos humanos, Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram lembradas. Nesta terça-feira, completou um mês em que ambos foram brutalmente assassinados. Até hoje, a polícia não apontou nenhum suspeito pelas mortes.
— A diversidade é democracia. Não podemos ter medo da repressão que matou Marielle e Anderson Gomes. Vivemos num estado de violência estrutural que assassina índios, negros, homens e mulheres que defendem os direitos humanos. Precisamos resistir ao capitalismo, que põe o interesse financeiro sobre a vida dos povos — declarou o Nobel da Paz, Peres Esquivel.
Povo sem Medo
Segundo Esquivel, a morte de Marielle teve grande repercussão na América Latina e no mundo.
— É o reconhecimento de uma lutadora de seu povo. Marielle está presente no Brasil e no mundo. Temos de recordar sua memória. Marielle Vive! — pontuou.
A visita do prêmio Nobel da Paz à favela da Maré e a coletiva foi organizada pelo Fórum Pró-Comissão Popular da Verdade. Estiveram presentes moradores e lideranças das favelas, Frente Brasil Popular, FAFERJ, FAF Rio, MST, MTST, Frente Povo Sem Medo e movimentos sociais.