Presidente cinematográfico

Foi divulgado o retorno de Luiz Carlos Barreto à direção. Já são mais de 30 anos desde Isto é Pelé, seu último longa-metragem como diretor. De lá para cá, Barreto se tornou um símbolo do cinema brasileiro, pelo bem pelo mal. A L.C. Barreto, sua produtora ao lado da esposa e dos filhos, se tornou uma importante empresa, responsável por filmes bastante comentados como Dona Flor e seus dois maridos, O quatrilho e O que é isso companheiro?.
 
O interessante no retorno de Barreto à direção é que se trata de um filme sobre o… Lula. Mais um?, o leitor pode se perguntar. Se já estamos diante de dois filmes (Entreatos, de João Moreira Salles e Peões, de Eduardo Coutinho), um outro já está anunciado (a ser dirigido por Nelson Pereira dos Santos), o que mais um filme sobre o presidente poderia acrescentar? E ainda, que lado de Lula seria exposto no filme? Entreatos e Peões são filmes distintos. O filme de Nelson Pereira, co-produzido por empresas européias, ainda trata de outro momento (segundo as poucas informações divulgadas, seria especificamente a cerimônia de posse). Três documentários.
 
Barreto vai inovar. Segundo as primeiras informações, seu filme sobre Lula vai ser um docudrama, um mix de documentário e cenas encenadas, com atores representando, música incidental, etcs… O orçamento é de R$ 3,5 milhões. E Barreto vai a contar a história do menino pobre que saiu de Pernambuco, foi parar em Santos e, depois, no ABC paulista. Virou metalúrgico e terminou como presidente da república. Esse caminho, ou tour de force, de protagonistas que saem em direção aos centros urbanos parece fazer a cabeça de Barreto. O caminho das nuvens, filme produzido por ele e lançado em 2003, dirigido por Vicente Amorim, conta mais ou menos a mesma história (também baseada em fato real). Homem sai do campo com a família em direção à metrópole, onde pretende arrumar “um emprego de mil real”.