Segundo o mandatário neofascista, ele quis se referir à instituição como parte de sua segurança pessoal, o que ele mesmo desmente, logo adiante. De acordo com o depoimento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, o presidente ameaçou demiti-lo, durante a reunião, caso não promovesse mudanças no comando da Polícia Federal.
Por Redação – de Brasília
Após mentir, categoricamente, ao afirmar três dias atrás que não havia citado a Polícia Federal (PF) na reunião presidencial usada como prova no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), após denúncias do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu nesta sexta-feira, que citou, sim, a “PF”.
Segundo o mandatário neofascista, ele quis se referir à instituição como parte de sua segurança pessoal, o que ele mesmo desmente, logo adiante. De acordo com o depoimento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, o presidente ameaçou demiti-lo, durante a reunião, caso não promovesse mudanças no comando da Polícia Federal.
Inquérito
O recuo de Bolsonaro acontece depois que a própria Advocacia-Geral da República (AGU) apresentou ao STF a transcrição do que foi dito pelo presidente, com citações à “PF” e à “família”. Na manifestação, a AGU pediu o levantamento do sigilo apenas das declarações do presidente na reunião, que estão sendo investigadas em inquérito. A decisão será do relator do caso, ministro Celso de Mello.
— Ô cara, tem a ver com a Polícia Federal, mas é a reclamação ‘PF’ no tocante ao serviço de inteligência — afirmou Bolsonaro a jornalistas nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
Segurança
Ao falar para os jornalistas, no cercadinho, Bolsonaro carregava a reprodução da primeira página do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, com a manchete: “‘Vou interferir e ponto final’, afirmou Bolsonaro sobre PF”; além das cópias impressas de outras publicações.
— A interferência não é nesse contexto da inteligência não, é na segurança familiar. É bem claro, segurança familiar. Não toco em PF e nem Polícia Federal na palavra segurança — desconversou, sendo novamente desmentido pelos repórteres, o que o levou subir o tom, na coletiva.
Perguntado se falava em interferência no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), instância responsável pela segurança presidencial e de seus familiares, Bolsonaro demonstrou irritação e disse que a entrevista tinha virado uma “palhaçada”.
— Eu não vou me submeter a um interrogatório da parte de vocês. Espero que a fita se torne pública para que a análise correta seja feita — acrescentou.
‘Boca mole’
Bolsonaro disse, ainda, que será criticado por falar palavrões, e chama o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sem citar o nome, de ladrão.
— O que rouba e mete a mão, esse está à altura (de ser presidente) e fala bonito. Fala manso. Como o ex-presidente boca mole e continua falando besteira por aí — disse sem citar diretamente o tucano FHC.
Em uma publicação da ONG Casa do Saber, na última terça-feira, FHC disse que Bolsonaro não está à “altura do cargo” e que falta liderança no governo para enfrentar a pandemia do coronavírus.
Assista à entrevista de Bolsonaro, na manhã desta sexta-feira: