O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, disse na sexta-feira que o mundo – inclusive o banco – deveria fazer de tudo para ajudar a região de Darfur a se recuperar do sofrimento provocado pelo genocídio.
Em sua primeira viagem à África desde que assumiu o cargo, em 1o. de junho, Wolfowitz disse a jornalistas em Ruanda:
– Tenho certeza que mais coisas podem ser feitas. As pessoas estão se empenhando nisso, eu sei, em alguns governos – disse.
Na véspera, ele qualificara de genocídio a situação em Darfur, uma remota região no oeste do Sudão onde dezenas de milhares de pessoas foram mortas numa guerra civil iniciada em 2003.
Nesta sexta-feira, ao falar sobre como o resto do mundo poderia ajudar a conter a violência, ele afirmou:
– O genocídio é algo que tem profundos efeitos em sociedades durante um longo tempo, e parte do processo de cicatrização tem de ser o desenvolvimento e a redução da pobreza.
Wolfowitz disse que não detalharia como o Banco Mundial, maior banco de empréstimos de desenvolvimento do planeta, poderia se envolver nesse processo, mas afirmou ter certeza de que a instituição terá um papel importante após o fim dos combates.
– Torço para que o Banco Mundial faça tudo o que for possível para apoiar o processo – declarou.
O Banco Mundial reabriu em janeiro seu escritório no Sudão, após mais de 10 anos de ausência, e em março prometeu normalizar em um ano suas relações com o país, altamente endividado.
O Sudão é mal visto pelos credores internacionais desde que deixou de pagar parcelas da sua dívida. O Banco Mundial estima que seu débito de 25 bilhões de dólares precisa ser reduzido em entre 5 bilhões e 6 bilhões antes que o Sudão possa novamente tomar empréstimos da entidade.
Alguns ativistas de defesa dos direitos humanos defendem que o Sudão perca o direito a empréstimos e doações, como forma de pressionar Cartum a resolver o problema de Darfur, onde mais de dois milhões de pessoas fugiram das suas casas e milhares morrem a cada mês.
Com 334 projetos e compromissos de 16,6 bilhões de dólares, o Banco Mundial é o maior fornecedor de assistência ao desenvolvimento na África.
Wolfowitz, que falou a jornalistas após reunião com o presidente de Ruanda, Paul Kagame, está visitando quatro países da África, continente que, segundo ele, será sua prioridade à frente do banco. Depois de passar por Nigéria e Burkina Fasso nesta semana, ele encerra sua viagem na África do Sul.