Presidente prega redução dos subsídios em países ricos

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Publicado segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006 as 09:12, por: CdB

A redução dos subsídios agrícolas dos países ricos foi um dos temas do programa de rádio Café com o Presidente desta segunda-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o tema na Cúpula da Governança Progressista, realizada na África do Sul, última parada da viagem ao continente africano. O encontro reuniu chefes de Estado do Brasil, Reino Unido, Nova Zelândia, África do Sul, Etiópia, Suécia, Coréia do Sul, o diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascoal Lamy, e o negociador da União Européia, Peter Mendelson.

Em seu programa, Lula disse que conversou sobre o tema com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que também esteve na cúpula.

– Nós precisamos garantir que esses países (pobres) tenham o reconhecimento dos seus produtos nos países ricos e que esses países ricos tirem os subsídios dos seus produtos para comprar produtos dos países pobres – afirmou.

O presidente destacou que o biodiesel, combustível produzido a partir de plantas oleaginosas, é uma forma de estimular o crescimento dos países pobres:

– Os países ricos podem escolher um país pobre, podem financiar tecnologia, podem mandar fábrica produzir biodiesel lá e eles comprarem o biodiesel para utilizar nos seus caminhões, nos seus ônibus, nos seus carros.

Para Lula, muitas nações ricas já perceberam que os países pobres precisam ter maior participação no comércio mundial e na produção de conhecimento científico e tecnológico. O presidente garantiu que o Brasil faz parte do grupo de nações disposto a ajudar os menos favorecidos.

– O Brasil não faltará com a sua solidariedade a um país irmão – afirmou.

O programa Café com o Presidente foi gravado no avião presidencial durante o retorno de Lula ao Brasil. Antes da África do Sul, o presidente visitou a Argélia, Benin e Botsuana.

Déficit comercial

Lula também comentou que é preciso reduzir o déficit comercial de cerca de US$ 2,5 bilhões com a Argélia, o primeiro país africano visitado pelo presidente nesta viagem. Ele explicou que o desequilíbrio na balança é resultado do grande volume de petróleo argelino importado.

– É preciso diminuir esse déficit comercial – disse ele no programa, gravado no avião durante o retorno ao Brasil.

Lula informou que conversou com o presidente daquele país, Abdelaziz Bouteflika, sobre a febre aftosa no Brasil e garantiu que a doença está controlada.

– Nós temos 200 milhões de cabeças de gado e se tem um foco de febre aftosa num local ou numa região, o governo brasileiro trata de isolar aquela região para continuar vendendo carne para os nossos compradores – explicou.

O presidente destacou a emoção que sentiu ao conhecer no Benin o local de onde escravos saíam em direção ao Brasil e o encontro com os descendentes da família Silva.
– Tem um grupo que cuida da relação com o Brasil, que cuida de guardar as memórias do Brasil e tem um museu, que foi uma coisa extremamente importante – disse.

Em Botsuana, terceira parada da viagem, o Brasil firmou acordos de cooperação para o combate à aids e na área de esporte.

– O Brasil tem um dos melhores programas de combate à aids. Naquilo que o Brasil puder ajudar, não apenas com remédio, mas organizar com transferência de conhecimento, nós vamos fazer porque achamos que é obrigação de um país que pode ajudar os que podem menos – afirmou. Cerca de 30% da população de Botsuana têm a doença.