PF investiga se representantes de um determinado partido político teriam ocultado, disfarçado e omitido movimentações de recursos financeiros oriundos do fundo partidário.
Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir nove mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), em investigação sobre suspeita de fraudes no uso de recursos do fundo partidário em candidaturas-laranjas do partido do presidente Jair Bolsonaro.
A PF disse em nota oficial que a chamada Operação Guinhol investiga se representantes de um determinado partido político teriam ocultado, disfarçado e omitido movimentações de recursos financeiros oriundos do fundo partidário, especialmente os destinados às candidaturas de mulheres, em Pernambuco.

Uma fonte da PF com conhecimento da operação disse que o partido investigado é o PSL, e que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Pernambuco expediu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar.
As medidas de busca e apreensão, deferidas pelo TRE/PE, visam esclarecer se teria havido burla ao emprego dos recursos destinados às candidaturas de mulheres, tendo em vista que ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados na campanha das candidatas do sexo feminino, havendo indícios de que tais valores foram aplicados de forma fictícia objetivando o seu desvio para livre aplicação do partido e de seus gestores”, afirmou a PF.
A defesa de Bivar disse em nota que não há indícios de fraude no processo eleitoral, e acrescentou ver a operação com “muita estranheza” devido ao atual momento de turbulência política.
– A defesa enfatiza que o inquérito já se estende há 10 meses, já foram ouvidas diversas testemunhas e não há indícios de fraude no processo eleitoral. Ainda na visão da defesa, a busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência política”, disse o escritório de Ademar Rigueira, que responde pela defesa de Bivar e do PSL em Pernambuco.
A operação ocorre no momento em que Bolsonaro trava uma disputa com o PSL, especialmente com Bivar, que pode resultar na saída do presidente do partido. Na semana passada, Bolsonaro e parlamentares do PSL insatisfeitos com Bivar requereram, por meio de advogados, informações sobre as finanças do partido.
Bolsonaro chegou a dizer a um apoiador na porta do Palácio da Alvorada, também na semana passada, que Bivar está “queimado para caramba” e que deveria esquecer o PSL.
O caso das candidaturas-laranjas do PSL começou a ser investigado pela PF em Minas Gerais, em um caso que levou o Ministério Público a denunciar o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por suspeita de envolvimento, no início do mês.
Crise
Apesar das declarações mais moderadas do presidente Jair Bolsonaro sobre o PSL no fim de semana, a crise com o partido se mantém e o próprio presidente dá sinais de que não pretende conversar, como pedem alguns moderados da legenda, e negocia uma saída da sigla.
Na segunda-feira, Bolsonaro se reuniu novamente com sua advogada, Karina Kufa, e o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga. Ambos buscam uma solução jurídica para que parte dos deputados do PSL, insatisfeitos com a condução do presidente da sigla, Luciano Bivar, possam deixar a legenda sem perder o mandato. Procurados, nenhum dos dois advogados atendeu a Reuters.
O presidente também recebeu parte dos deputados do grupo rebelde, entre eles Filipe Barros (PR) e Bia Kicis (DF), que não chegaram a conversar com a imprensa na saída. De acordo com a deputada Alê Santos (MG), o partido está ainda esperando uma resposta da direção do PSL sobre um pedido de auditoria as finanças partidárias feito na semana passada.
Carlo Bolsonaro X Major Olímpio
No final de semana, Carlos, o filho vereador no Rio de Janeiro que coordena as redes sociais do pai, bateu boca via Twitter com o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP).
Em sua conta, Carlos chamou Olímpio de “bobo da corte” e “canalha”. Olímpio respondeu, afirmando que os filhos do presidente se comportam como príncipes e que Carlos deveria se concentrar em ser vereador. Também o chamou de “moleque”.
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, não descartou a saída do presidente do PSL e disse que Bolsonaro lembrou que, como um casamento, qualquer relacionamento pode chegar a um divórcio, mas que a relação do presidente com o PSL não teria chegado a esse ponto ainda.