Presidente volta atrás e sanciona ‘Orçamento secreto’ aos parlamentares

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Publicado Segunda, 23 de Agosto de 2021 às 14:09, por: CdB

O modelo tem sido usado pelo governo para cortejar deputados e senadores aliados com repasses do Orçamento da União a municípios e Estados de seus redutos eleitorais, sem que seus nomes sejam divulgados, diminuindo a possibilidade de controle social.

Por Redação - de Brasília
Depois de reconhecer que as emendas de relator-geral atrapalham a política fiscal e poderão prejudicar a condução de políticas públicas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou, nesta segunda-feira, e sancionou a previsão de pagamento dessas emendas, identificadas no Orçamento sob o código RP-9, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. Com isso, os parlamentares poderão indicar esses recursos no Orçamento do ano que vem, em pleno período eleitoral.
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As emendas parlamentares de relator estão liberadas pelo presidente Bolsonaro
O modelo tem sido usado pelo governo para cortejar deputados e senadores aliados com repasses do Orçamento da União a municípios e Estados de seus redutos eleitorais, sem que seus nomes sejam divulgados, diminuindo a possibilidade de controle social. A decisão de manter essas emendas está publicada na edição atual do Diário Oficial da União (DOU), contrariando o anúncio do governo, feito na última sexta-feira, de que as modalidades de emenda seriam vetadas. 

Segregação

“As emendas de relator, presentes no Orçamento nos dois últimos anos, aumentaram a quantidade de recursos ligados aos parlamentares. O governo do presidente Bolsonaro usou a distribuição para negociar apoio político no Congresso, reforçando a velha prática do ‘toma lá, dá cá’ na liberação de recursos em troca de votos no Legislativo. O esquema ficou conhecido nas redes sociais como ‘tratoraço’, pois parte dos recursos foi usada para comprar tratores em redutos eleitorais de parlamentares”, escreveu o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP). O Palácio do Planalto coloca sua digital, após a sanção presidencial, nesse modelo e abre mão dos próprios argumentos adotados, na semana passada, para vetar os dispositivos, como a ampliação da segregação de emendas e o grau de "engessamento" da despesa pública.  “Formalmente, o governo segue com prerrogativa de decidir localidades beneficiadas com o RP-9, mas, em troca de apoio no Congresso, cede a parlamentares aliados, em acordos de bastidor, sem transparência sobre os nomes beneficiados”, concluiu.
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