Pressionado, Guedes realiza dança das cadeiras, antes de partir para Davos

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Publicado Quinta, 09 de Janeiro de 2020 às 15:19, por: CdB

Em périplo internacional que incluirá passagens por São Francisco, nos EUA, e Nova Delhi o ministro usará a reforma no gabinete como argumento para os péssimos resultados de sua pasta. O ministro deverá ficar fora do país de 16 a 27 de janeiro.

 
Por Redação - de Brasília e São Paulo
  Antes de embarcar para a Suíça, na semana que vem, onde representará o Brasil no Fórum Econômico de Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, espera concluir a reforma ministerial iniciada nesta quinta-feira. O executivo precisará se explicar, nas reuniões com uma série de executivos de multinacionais, diante dos resultados pífios na política econômica brasileira.
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Paulo Guedes está diante de um momento delicado de sua carreira, diante de um fracasso evidente das metas estabelecidas para a economia do país
Em périplo internacional que também incluirá passagens por São Francisco, nos Estados Unidos, e Nova Delhi o ministro deverá ficar fora do país de 16 a 27 de janeiro. No grupo que já solicitou encontros em Davos, estão presidentes de empresas de diversos setores, incluindo financeiro, de energia, tecnologia e bebidas.

Explicações

Pela programação, que ainda é preliminar, o ministro deve viajar primeiro para São Francisco, onde fará apresentação no dia 16 em reunião da Mont Pelerin Society, conhecida pela defesa das ideias liberais, na Universidade de Stanford. De lá, Guedes passa o fim de semana em Zurique, na Suíça, onde não terá compromissos oficiais, chegando em Davos na segunda-feira, dia 20. Além da participação em painéis do próprio Fórum, o ministro já tem agendados encontros com o presidente do UBS Group, Axel Weber, com o presidente da Microsoft, Brad Smith, e com o presidente da empresa de entregas UPS Internacional, Nando Cesarone. Aos interlocutores, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, nesta tarde, junto a fonte próxima ao ministro, Guedes argumentará que, ao promover alterações na sua equipe, espera um resultado diferente no comportamento dos agentes econômicos. As primeiras mudanças, esperadas desde o fim do ano passado, foram publicadas no Diário Oficial da União desta quinta-feira, em portarias assinadas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Ex-ministro

Entre as mudanças procedidas está a transferência de Esteves Colnago. Ele era secretário especial adjunto de Fazenda do Ministério da Economia e foi movido para o gabinete do ministro. Servidor de carreira do Banco Central, será chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério da Economia. Ministro do Planejamento, no governo Michel Temer, Colnago deve ajudar na articulação com o Congresso na aprovação de um conjunto de reformas propostas por Guedes em novembro do ano passado. Outro ponto da reforma na assessoria foi a nomeação do servidor Jeferson Bittencourt para a vaga deixada por Colnago na Secretaria Especial de Fazenda. O cargo a ser exercido por Colnagno, até esta quinta-feira, era ocupada por Caio Megale, economista e ex-secretário de Fazenda da prefeitura de São Paulo. Megale, por sua vez, passará a chefiar uma das diretorias da Secretaria Especial de Fazenda, hoje chefiada por Waldery Rodrigues.

Endividamento

Guedes reuniu a equipe, na última semana de 2019, para realizar uma avaliação do momento econômico e, diante da análise negativa do quadro atual, outras mudanças na composição do Ministério poderão ocorrer, nos próximos dias, afirmou a fonte. Enquanto Guedes tenta reverter o declínio econômico, que ruma para a estagnação nos próximos meses, o governo tem agido, nos bastidores, na tentativa de conter as críticas — cada vez mais óbvias — à condução dos assuntos em sua pasta. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), insiste junto ao público que o país segue, ainda que lentamente, no caminho do crescimento econômico, mas os números avaliados por economistas experimentados mostram exatamente o inverso. O percentual de famílias com dívidas voltou a aumentar e alcançou 65,6%, em dezembro de 2019. Trata-se do maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde janeiro de 2010. O resultado é maior do que os 65,1% observados em novembro e superior aos 59,8% verificados em dezembro de 2018.

Demissão

O discurso do governo, portanto, cai no vazio. Além do alto índice de endividamento, a produção industrial brasileira caiu 1,2% em novembro na comparação com outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, confirmando as previsões dos economistas ouvidos pela reportagem do CdB, nas últimas semanas. As críticas às inconsistências da política econômica de Paulo Guedes teriam motivado a demissão da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, nesta manhã. Ela deixa a corretora de valores, que tem como sócio o Itaú. As análises da economista, que discorda dos argumentos oficiais, teria levado à colisão com os sócios da XP Guilherme Benchimol, Gabriel Leal, Beny Podlubny, Marcos Peixoto e Carlos Ferreira, que atuam como executivos da empresa. Atualmente, 49,9% das ações pertencem ao Itaú Unibanco, adquiridas por R$ 6,3 bilhões.
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