Ângelo Villela, procurador preso após delação da JBS, disse que Janot tinha método para extrair confissões.
Por Redação – de São Paulo
Embora a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar as delações de Joesley e Wesley Batistas, irmãos e donos do Grupo JBS, tenha como relator um dos principais aliados do presidente de facto, Michel Temer, na Câmara, o deputado Carlos Marum (PMDB-RS), o primeiro depoimento promete novidades. O procurador Ângelo Villela, assim que começar a falar aos parlamentares, promete revelar os métodos do Ministério Público para obter as principais delações dos suspeitos, na Operação Lava Jato.
Modus operandi
Goulart Villela foi preso após os primeiros depoimentos de Joesley Batista. Desta vez, ele estaria disposto a revelar o conteúdo secreto das delações, durante o mandato do ex-procurador-Geral da República. Rodrigo Janot deixou o cargo no último domingo. O procurador, em conversas com interlocutores que a vazaram para a mídia conservadora, disse que pretende “expor os métodos, segundo o procurador afastado, de pressão da equipe de Janot para obter relatos contra alvos específicos”.
Segundo Villela, há meses paira a suspeita de que haveria um modus operandi da equipe de Janot para extrair as confissões dos réus.
— Há uma interpretação por setores do Ministério Público Federal que estão em Curitiba e em Brasília que, para se extrair de um delator aquilo que se quer ouvir, vale tudo — afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), integrante da CPI.
Marum e a JBS
Um dos objetivos da CPI é o de apurar as condições em que foi firmado o acordo de delação premiada entre os empresários da companhia e o MPF. A delação resultou nas denúncias que envolveram o nome de Temer. Ele aparece no esquema de pagamento de propina e troca de favores entre os empresários e o governo.
O relator, Marun, é um dos principais aliados do governo. Em sua campanha, recebeu recursos de outros candidatos que foram financiados pela JBS. O deputado negou que se sinta impedido para ser relator. Ele diz que pautará o trabalho da comissão pela “busca da verdade”.
— Eu me sentiria impedido se eu tivesse relação estreita com a JBS, coisa que eu não tenho. Então, me sinto completamente à vontade e tranquilo para o exercício dessa relatoria. Tenho uma relação estreita com o governo. Mas eu vou atuar em cima da verdade — concluiu.