Os preços futuros do petróleo devem ter forte queda na segunda metade deste ano por ampla oferta e demanda moderada compensando as preocupações com riscos políticos, apontou pesquisa desta sexta-feira da agência inglesa de notícias Reuters com analistas. O petróleo Brent deve ficar em R$ 105,90 o barril, em média, para em 2014, apontou a pesquisa mensal com projeções de 28 analistas, abaixo da média de US$ 108,9 à vista até o momento neste ano.
O contrato de referência deve continuar recuando nos próximos dois anos, ficando na média de US$ 102,50 por barril em 2015 e US$ 100,50 em 2016, de acordo com a pesquisa. O Brent ficou na média de US$ 108,70 em 2013. Analistas estimam, ainda, que o petróleo dos EUA, também conhecido como West Texas Intermediate (WTI), deve ficar em US$ 98,70 em média em 2014, ligeiramente abaixo da média de US$ 98,05 de 2013. O WTI teve média de US$ 99,93 até o momento este ano.
– O Brent deve ficar mais moderado com o Iraque, Irã e Líbia elevando a produção, enquanto o WTI será contido por uma robusta oferta dos EUA – disse a analista do National Australia Bank, Vyanne Lai.
Analistas esperam que o crescimento da demanda seja menor que o da oferta, já que a economia global se recupera a passo moderado. A demanda por petróleo será afetada pelo aumento da eficiência energética, substituição por gás natural e fim dos subsídios em alguns países em desenvolvimento, disse Rahul Prithiani, diretor da CRISIL Research.
Acima da meta
A produção de petróleo da Opep subiu para uma máxima de três meses em maio, ainda segundo a pesquisa da Reuters, refletindo aumento da oferta de Angola e do sul do Iraque, que compensaram o agravamento da agitação na Líbia. A oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo teve uma média de 30,02 milhões de barris por dia (bpd), ante 29,68 milhões de barris por dia em abril, de acordo com a pesquisa com base nos dados de embarques e informações a partir de fontes de empresas de petróleo, Opep e consultores. O aumento coloca a produção da Opep acima da meta nominal do grupo de 30 milhões de barris por dia, pela primeira vez desde fevereiro. A Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês) disse em 15 de maio que a Opep precisaria aumentar a produção no segundo semestre do ano, para atender à crescente demanda.
– Por enquanto, parece ser adequado. Para o segundo semestre do ano, pode ser diferente – disse à agência Carsten Fritsch, analista do Commerzbank em Frankfurt, considerando a produção da Opep como suficiente.
Interrupções principalmente na Líbia tem pesado na oferta da Opep este ano, ajudando a manter os preços do petróleo Brent acima de US$ 100 por barril, apesar do crescimento da oferta de países não integrantes do grupo e do boom de xisto dos EUA. A Opep produz um terço do petróleo do mundo. Em maio, a produção cresceu em Angola e no Iraque, e, em menor medida, na Arábia Saudita e Irã, segundo a pesquisa. A queda mais significativa foi na Líbia, enquanto a produção nigeriana mal cresceu, apesar da suspensão de uma força maior na exportação pela Shell. A produção da Líbia caiu em 60 mil barris por dia a uma média mensal de 190 mil bpd, segundo a pesquisa. Greves e protestos estão mantendo a oferta a uma fração do potencial do país.
A Opep se reúne em 11 de junho em Viena para considerar o ajuste da meta de fornecimento de 30 milhões de bpd. Não é esperada uma mudança na meta, uma vez que o preço do petróleo tem ficado acima de US$ 100, o nível preferido da Arábia Saudita e muitos outros membros.