Produção de urânio enriquecido vai aumentar, avisa o Irã

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Publicado sexta-feira, 5 de maio de 2006 as 13:32, por: CdB

O Irã pretende avançar em seu programa nuclear até alcançar uma produção de combustível atômico em escala industrial para fins civis, declarou nesta sexta-feira o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

– Temos a intenção de prosseguir nossa atividade com base no direito internacional e sob o controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) até que consigamos produzir combustível nuclear em escala industrial para nossas centrais nucleares – afirmou.

O discurso de Ahmadinejad aconteceu na reunião da Organização de Cooperação Econômica (ECO), nesta sexta-feira. Ahmadinejad enfatizou ante os líderes da ECO, composta por dez países, que “os pequenos tiranos tentam de forma insolente interferir nos assuntos internos iranianos”. Uma vez mais, as declarações provocadoras de Ahmadinejad coincidiram com os esforços da comunidade internacional em acertar os esforços nos próximos dias para fazer o Irã desistir de seu programa nuclear.

Os membros do Conselho de Segurança da ONU prosseguiram, nesta sexta-feira, em Nova York, com as negociações para adotar uma nova resolução que obrigue o regime iraniano a suspender todas suas atividades de enriquecimento de urânio. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, propôs, por sua parte, uma nova aproximação da crise, isto é, o diálogo direto entre Teerã e os EUA, principal oponente ao programa iraniano.

– Se todos os envolvidos e participantes-chave estiverem à mesa, acho que será possível alcançar uma acordo de satisfaça os interesses de todos – disse Annan.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, numa discussão paralela, defendeu o fato de que a comunidade internacional deve continuar se apoiando na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para resolver a contenda.

– É necessários apoiar totalmente a continuação das atividades da AIEA no Irã e espero que todos os esforços da comunidade internacional busquem este objetivo – disse ele a jornalistas.

Rússia e China se opõem à possibilidade de medidas punitivas contra Teerã, o que se converteu num dos principais obstáculos na hora de obter um consenso quanto a uma resolução do Conselho de Segurança. O projeto de resolução, que se refere ao capítulo VII da Carta da ONU, que abre caminho para sanções como intervenção militar, deve ser aprovada por pelo menos nove dos quinze membros do Conselho e nenhum de seus membros permanentes (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China) deve vetá-lo.

Em Baku, Ahmadinejad elogiou seu projeto nuclear, ao qual definiu como “um grande êxito para toda a região e o mundo islâmico”, ao mesmo tempo em que insistiu em sua vontade de trabalhar sob o controle da AIEA.

– Nosso progresso científico serve a todos os interesses da paz e não ameaça nenhum único Estado – disse o presidente durante a cúpula de desenvolvimento regional da ECO, que inclui cinco países vizinhos do Irã (Afeganistão, Azerbaijão, Paquistão, Turquia e Turcomenistão).