A produção de veículos no Brasil no terceiro trimestre caiu 16,8% sobre igual período de 2013, impactada por fraqueza do mercado interno e das exportações e que fez de setembro o sexto mês consecutivo de fechamento de postos de trabalho no setor.
Apesar da queda na produção, os estoques de veículos novos à espera de comprador fecharam setembro em 404,5 mil unidades, maior nível do ano, afirmou a associação que representa o setor, Anfavea, nesta segunda-feira.
A produção do terceiro trimestre somou 818,1 mil veículos, alta de 5,6% sobre o segundo trimestre. Já as vendas foram de 863,6 mil veículos, crescendo 1,6% sobre o segundo trimestre deste ano, mas caindo 12% na comparação anual.
Luiz Moan, presidente da Anfavea, disse que a indústria tem se recuperado dos fracos resultados do primeiro semestre e que a média de veículos vendidos até agora no segundo semestre é 3,9% maior que o emplacado na primeira metade do ano.
“Neste segundo semestre estamos crescendo sobre o primeiro”, disse Moan a jornalistas, ressalvando que a entidade esperava que as vendas em setembro fossem “um pouquinho melhores”.
Em setembro apenas, a produção foi de 300,8 mil veículos, alta de 13,7% sobre agosto e queda de 6,7% sobre um ano antes. As vendas foram de 296,3 mil unidades, subindo 8,7% na comparação mensal, mas recuando 4,4% na relação anual.
“É de se esperar que as vendas continuem pressionadas dado o ambiente econômico desafiador”, disseram analistas da Buckingham Research Group, em relatório. “A queda anual nas vendas de veículos leves foi bem melhor que o esperado, dada economia desafiadora”, acrescentaram.
Apesar dos acumulados do ano de produção e vendas estarem ainda longe das estimativas da Anfavea já pioradas para o ano, a entidade manteve suas estimativas nesta segunda-feira.
A expectativa para a produção em 2014 é de queda de 10%, ante uma performance acumulada até setembro de recuo de 16,8%. Já para os licenciamentos a estimativa é de queda de 5,4%, ante um volume comercializado até o mês passado 9,1% menor que um ano antes.
Perguntado sobre a avaliação da Anfavea para 2015, Moan afirmou que “com certeza nossa ideia é que essa curva de melhora adentre em 2015, que com certeza será melhor que 2014, de preferência com menores estoques”.
A indústria montadora de veículos do Brasil terminou o mês passado com queda de 6,6 por cento no nível de emprego sobre um ano antes, para 147.718 postos de trabalho – pior resultado desde maio de 2012.
Moan afirmou que o setor tem buscado ampliar exportações e que já despachou um primeiro lote de veículos para a África. As vendas externas de veículos montados do país acumulam queda de 38,5% no ano até setembro. Considerando apenas o mês passado, as exportações despencaram 41,2%, a 26,7 mil unidades.
O presidente da Anfavea afirmou que o cenário eleitoral deverá seguir gerando incertezas sobre a decisão de compra de consumidores e frotistas nas próximas semanas e que a Argentina voltou a impor restrições à importação de veículos diante de falta de divisas.
Sobre as medidas tomadas pelo Banco Central no final de agosto para expansão do crédito, Moan afirmou que elas ajudaram a elevar as vendas financiadas de veículos novos em 11% em setembro.
“O Brasil precisa de estímulos para que economia rode. Se não estimularmos o consumo interno, teremos problemas”, disse.
Por categoria, a produção de carros e comerciais leves em setembro caiu 5,3% sobre um ano antes, para 286,28 mil unidades. Já o volume produzido de caminhões somou 11,78 mil, queda de 30,3% na comparação anual. Em ônibus, houve retração anual de 8,9%, a 2,78 mil unidades.