O Ministério Público Militar (MPM) anunciou, na manhã desta sexta-feira, que investiga o envolvimento de cinco civis no roubo do armamento do Exército, ocorrido no último dia 3. O ex-cabo do Exército Joelson Basílio da Silva, 23, e o ex-soldado do Exército Carlos Leandro de Souza, 22, tiveram a prisão temporária decretada. Em seu depoimento, o cabo Silva declarou que os cinco homens moram na favela Nova Brasília, no complexo do Alemão, onde o tráfico de drogas seria dominado pelo CV (Comando Vermelho).
O MPM investiga, ainda, versão publicada nos principais jornais do país e corroborada pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, de que o Exército teria se comprometido a deixar as favelas ocupadas, caso recebesse em troca armamento roubado, embora tenha declarado oficialmente que o armamento foi encontrado próximo à Rocinha, onde o tráfico é controlada pela facção Amigos dos Amigos (ADA), rival do CV.
Balanço
Ao todo, durante dez dias, as tropas do Exército ocuparam 11 favelas. Para realizar a operação em busca das armas, o Exército obteve mandados de busca na Justiça Militar. Durante os trabalhos, confrontos entre os militares e criminosos foram freqüentes. O mais intenso ocorreu no último dia 10, quando quatro pessoas ficaram feridas no morro da Providência, entre elas um bebê.
Um rapaz de 16 anos foi atingido por um tiro e morreu no morro do Pinto, no dia 6, enquanto observava a ocupação no vizinho morro da Providência. E no dia 13, o Exército iniciou a segunda fase da operação. Os militares saíram dos morros e favelas e foram priorizadas ações mais seletivas e pontuais.
O roubo das armas ocorreu na madrugada de sexta-feira, dia 3. Sete homens vestindo roupas camufladas e toucas ninja invadiram o Estabelecimento Central de Transportes (ECT), renderam e agrediram soldados responsáveis pela guarda e roubaram armas que estavam em armários.
Disque-Denúncia
Segundo divulgou, nesta sexta-feira, o serviço Disque-Denúncia, até esta sexta-feira foram recebidas 973 ligações com informações sobre o roubo de 11 armas no Estabelecimento Central de Transportes (ECT) do Exército, em São Cristóvão. Nesta quinta-feira, foi desfeita a central de inteligência da força-tarefa montada para investigar o assalto. O Comando Militar do Leste entendeu que o Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso está adiantado.
Até agora, dois ex-militares que confessaram o ataque ao quartel foram presos e outros cinco suspeitos, que seriam moradores da Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, estão sendo investigados e podem ser presos em breve. Uma tropa de 120 homens do Exército está de sobreaviso caso precisem cumprir mandados de prisão em favelas.