PSL coloca família Bolsonaro no centro da CPMI das Fake News

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Publicado Quarta, 20 de Novembro de 2019 às 11:50, por: CdB

Ao deixar o Alvorada, Bolsonaro preferiu não falar sobre a CPMI das Fake News; e evitou criticar o ato racista do deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), no Dia da Consciência Negra.

 
Por Redação - de Brasília
  O PSL, que até semana passada era a legenda política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em uma decisão estratégica, trocará os deputados que integram da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. O lance coloca, de imediato, a família do mandatário sob suspeita de promover a disseminação de notícias falsas, durante a campanha eleitoral.
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O vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), o '02', como é conhecido, é suspeito de divulgar notícias falsas durante a campanha eleitoral
Os titulares prestes a ser substituídos são Filipe Barros e Caroline de Toni; além dos suplentes Eduardo Bolsonaro e Carlos Jordy, que integram a ala dissidente e pró-Bolsonaro na agremiação. A mudança tende a alterar, completamente, a correlação de forças da CPMI, o que abre caminho para a convocação de Carlos Bolsonaro e de assessores de Jair Bolsonaro envolvidos em supostos crimes cibernéticos.

Véio da Havan

As notícias falsas voltaram a ter mais repercussão junto ao noticiário nacional durante a eleição presidencial do ano passado, quando houve uma campanha ilegal contra o então presidenciável Fernando Haddad (PT) financiada por empresas e que teve como base a divulgação de mentiras no WhatsApp, para prejudicá-lo. Cada contrato chegava a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, estava a Lojas Havan, cujo proprietário, Luciano Hang — também conhecido como Véio da Havan —, fez campanha para Bolsonaro. Com a provável troca de parlamentares do PSL na CPMI, o Delegado Waldir, ex-líder do partido na Câmara, deve ficar com uma das vagas. Inclusive uma ala pró-Luciano Bivar (PE), que preside o PSL em nível nacional, havia formalizado no mês passado um documento na Secretaria-Geral da Mesa da Casa, para manter o parlamentar na liderança da legenda. A relação entre o grupo de Bivar e o de Bolsonaro tem piorado, rapidamente. Isso porque, na saída do Palácio da Alvorada, no começo de outubro, Bolsonaro disse a um apoiador para 'esquecer' o PSL e argumentou que Bivar está "queimado pra caramba".  O presidente nacional do PSL teria apoiado o repasse de R$ 400 mil em verbas do fundo partidário para uma candidata "laranja" em Pernambuco.

Racismo

Nesta manhã, também ao deixar o Alvorada, Bolsonaro preferiu não falar sobre a CPMI das Fake News, e evitou criticar o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), que deverá integrar o partido que tenta construir. O presidente cumprimentou um grupo de eleitores e disse que soube sobre o ato de vandalismo cometido por Coronel Tadeu, mas se esquivou e disse que não cabe a ele comentar sobre o assunto. — Eu fiquei sabendo, mas eu não sou mais deputado e não vou comentar. Eu mudei do Legislativo para o Executivo e falo do meu governo. Isso quem vai decidir o que fazer é o presidente (da Câmara) Rodrigo Maia — afirmou. Tadeu quebrou, na véspera, um quadro do chargista Carlos Latuff, sobre o genocídio praticado pela polícia, nas favelas, contra jovens pretos e pardos. O Palácio do Planalto não marcou nenhuma cerimônia para celebrar o Dia da Consciência Negra e o presidente desconheceu a data, nas redes sociais, diferentemente do que fez, por exemplo, no Dia da Bandeira e no Dia Internacional da Mulher.

Ameaça

Latuff repudiou o ato do parlamentar pesselista. — Não é um ataque a uma charge, a uma exposição, e sim à democracia, à liberdade de expressão no Brasil. Não vamos permitir que esse tipo de atitude fascistóide tenha espaço no Congresso e fora dele — disse o artista. "O mínimo que se espera do Congresso, na pessoa de Rodrigo Maia, é que essa charge volte à exposição”, acrescentou Latuff. — Se isso não acontecer, o Congresso estará sinalizando para a sociedade que esse tipo de atitude truculenta, violenta é bem-vinda. A censura estará institucionalizada — afirmou. Se a obra de arte voltar a ser exposta, no entanto, será novamente alvo da ira neofascista. O deputado afirmou que repetiria o ato. — Eu acabei de defender 600 mil policiais militares que estavam sendo acusados, por meio de uma imagem, de executores, assassinos, homicidas. Eu espero que eles não coloquem novamente esse cartaz lá. Senão eu vou ter que tirar. Isso é um atentado — ameaçou. Líderes da oposição pretendem representar contra Tadeu no Conselho de Ética, e acionar a Procuradoria-Geral da República por crime de racismo.
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