O PT conseguiu evitar a votação nesta terça-feira da proposta que estabelece o fim da chamada verticalização na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara.
O fim desta regra, que desobrigaria partidos unidos em âmbito nacional de repetir essas alianças nos Estados, é defendido pela maioria dos partidos, inclusive da base de apoio do governo, com exceção do PT e do PSDB.
Os petistas, que desejam reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, avaliam que o controle das alianças regionais poderia garantir mais facilmente um segundo mandato ao partido. O principal alvo desse movimento é o PMDB, considerado um parceiro estratégico para vencer a disputa.
O PSDB, por sua vez, acredita que sairia fortalecido com a possibilidade de assegurar uma aliança com o PFL em todo o país e ser líder da oposição contra campanha de Lula.
Já aprovada pelo Senado, a proposta de emenda constitucional teve sua votação adiada graças a um movimento do PT. Um pedido de vista liderado pela sigla suspendeu a análise por, pelo menos, duas sessões, e provocou uma reação imediata do PFL.
Irritado, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) acusou o PT de descumprir acordo fechado com os membros da CCJ para votar a matéria nesta tarde. Deputados petistas argumentaram que o acordo era colocar a proposta em pauta, como foi feito, mas que não houve entendimento para garantir sua votação.
“Vou falar com representantes partidários para entrar em obstrução e impedir que qualquer matéria seja apreciada na Comissão de Constituição e Justiça até que a verticalização seja votada”, disse o pefelista.
Entre os aliados, o PT também é acusado de incoerência. Durante o debate na comissão, muitos dos parlamentares da base de apoio lembraram 2002, quando o então deputado José Genoino, hoje presidente do partido, fez contundentes críticas ao enquadramento das alianças regionais.
“O PT quer a verticalização por achar que é mais fácil fechar um acordo nacional para reeleger Lula…O que a gente vê é o PT e o PSDB querendo decidir o jogo antes do tempo”, avaliou o deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP).
Para a maioria dos parlamentares, no entanto, o PT não conseguirá impedir a votação por muito mais tempo.
“O PT não é dono do Congresso, não. Já mostramos isso… Os partidos da base estão todos contra. O governo vai criar problema para não votar mais nada aqui (na Câmara)?”, perguntou José Janene, líder do PP, partido do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), referindo-se à dificuldade do governo de aprovar projetos polêmicos por desorganização de sua base.
Para ter efeito sobre as próximas eleições, a emenda constitucional determinando o fim da verticalização tem que ser aprovada até 30 de setembro.