PT fecha apoio a grupo de Maia, sob críticas da militância

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Publicado Segunda, 04 de Janeiro de 2021 às 12:25, por: CdB

O deputado petista José Guimarães (CE) minimizou o alcance dos entendimentos com o bloco formado por partidos de direita, de centro e de centro-esquerda. "Estamos tratando da nova gestão da Câmara. Nada além disso", desconversou.

Por Redação - de Brasília e São Paulo

Um dos principais articuladores na bancada petista para o apoio ao candidato Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela Mesa Diretora da Câmara, o deputado José Guimarães (CE) adiantou o resultado da reunião que ocorreria algumas horas depois, na tarde desta segunda-feira, entre os parlamentares do partido. Guimarães revelou que foi estabelecida uma maioria folgada, na legenda, para o grupo liderado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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Um dos principais articuladores na bancada petista, o deputado Eduardo Guimarães (CE) apoia Baleia Rossi (MDB-SP) à Presidência da Câmara

O deputado petista minimizou, no entanto, o alcance dos entendimentos com o bloco formado por partidos de direita, de centro e de esquerda.

— Estamos tratando da nova gestão da Câmara. Nada além disso — desconversou. 

Guimarães citou a existência de quatro “pontos cruciais” para o PT na eleição para a Presidência da Casa. O primeiro deles, disse, “é a defesa da democracia, seguida pela independência do Legislativo, a derrota do candidato de Jair Bolsonaro (sem partido) e uma plataforma que seja capaz de frear as aleivosias de Paulo Guedes (Economia)”, disse à mídia conservadora, nesta manhã.

Golpista

Militante histórico do PT, o jornalista Breno Altman, no entanto, condena o apoio da legenda a Baleia Rossi, que integra o grupo conhecido como ‘Centrão’, e defende coerência nas ações da centro-esquerda.

— A esquerda deve aproveitar a disputa na Câmara dos Deputados para acumulação política de forças, com programa e candidato próprios, denunciando a aliança entre neofascismo e neoliberais. Como o PT vai contestar o golpe de 2016 se estiver ao lado dos golpistas nas eleições da Câmara? — questionou Altman. 

Em sua visão, “a esquerda deve combater Bolsonaro, os neoliberais e construir uma alternativa para superar o bolsonarismo”. 

Críticas à direita

Ainda nesta manhã, a direção nacional do PT foi surpreendida por um editorial do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP). O jornal de direita, diz que a eleição na Câmara “dá ao PT chance de deixar sectarismo que marca sua conduta”. Presidente nacional da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann não gostou do que leu.

“Absolutamente dispensável a opinião da Folha sobre posição do PT em relação a mesa da Câmara. Arrogante, o jornal que apoiou o golpe, Bolsonaro e ajudou a jogar o país nessa instabilidade, pretende-se professor de política. Menos né Folha!”, disse Hoffmann, em uma rede social. 

O editorial também volta a criticar o líder máximo do petismo.

“A sigla orbita a figura de Lula, flertando perigosamente com um ocaso personalista de sua maior liderança, que parece ter perdido o norte político após deixar a cadeia”, escreveu o editorialista.

Bloco definido

Com o apoio do PT, que tem a maior bancada de deputados na Câmara, Maia comemorou a formação do bloco de 11 partidos de centro, de direita e de esquerda em apoio à candidatura que ele patrocina ao comando da Casa, nas eleições que acontecem em 1º de fevereiro.

— Este grupo que hoje se apresenta tem muitas diferenças, sim, porque, diferentemente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós fortalecemos nas divergências, no respeito na civilidade e nas regras do jogo democrático — disse Maia, em entrevista recente.

Baleia Rossi, candidato endossado por Maia, enfrentará Arthur Lira (PP-AL), que por sua vez tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de ao menos 190 deputados. O grupo de Maia, consolidado, conta com as bancadas de DEM, PSDB, MDB, PSL e Cidadania, ao centro e à direita, além de PT, PSB, PDT e PCdoB, PV e Rede, na centro-esquerda. O PSOL ainda debate se deve lançar candidato próprio, no primeiro turno, mas já garantiu o apoio a Maia contra Lira, no segundo turno.

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