PT se soma ao PSOL no apoio às manifestações contra Bolsonaro

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Publicado Sexta, 05 de Junho de 2020 às 10:35, por: CdB

Na véspera, líderes da Rede, PSB, PDT, Cidadania, PSD e até o senador Jaques Wagner (PT-BA), vice-líder que está no exercício da liderança do partido no Senado, assinaram nota conjunta que aconselhava as pessoas a não se manifestarem por causa da epidemia do novo coronavírus.

Por Redação - de São Paulo

Entre as várias correntes de pensamento que integram o Partido dos Trabalhadores (PT), a maior agremiação partidária do país, prevaleceu aquela que passa a apoiar as manifestações de rua contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas a decisão não foi tranquila.

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Lula não assina manifesto de centro-direita e apoia decisão da legenda de ir para a rua, em protestos contra Bolsonaro

Ao resolver integrar o movimento em favor da democracia, no Brasil, a legenda se aproxima do PSOL e amplia o distanciamento dos demais partidos da centro-esquerda, que promovem o esvaziamento dos protestos. Mesmo internamente, a discussão deixa um rastro de ressentimentos, uma vez que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jacques Wagner se alinharam à proposta, encampada também pela centro-direita.

Na véspera, líderes da Rede, PSB, PDT, Cidadania, PSD e até o senador Jaques Wagner (PT-BA), vice-líder que está no exercício da liderança do partido no Senado, assinaram nota conjunta que aconselhava as pessoas a não se manifestarem por causa da epidemia do novo coronavírus. Já o partido lançou uma nota de apoio às manifestações. E desautorizou o ex-governador baiano a se posicionar contra os manifestos. Wagner disse não que tinha conhecimento da posição da legenda ao assinar o manifesto.

Oposição

A nota do PT, assinada pela presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e por líderes do partido na Câmara, o deputado Enio Verri, e no Senado, Rogério Cavalho, afirma que a legenda é solidária “aos que participam destes atos e sofrem os ataques da repressão e de provocadores".

Na contramão da nota divulgada pelos senadores de oposição, que dizia não ser "ainda" o momento para manifestações porque "a vida e a segurança dos brasileiros" deve ser preservada, o PT recomenda que as pessoas se protejam nos protestos, sem deixar de participar deles.

"Considerando as condições impostas pela pandemia, recomendamos que os participantes das manifestações observem da melhor maneira possível, as medidas recomendadas pela OMS, como uso de máscaras e o distanciamento social", diz o texto petista.

Ciro Gomes

"As manifestações pacíficas de rua contra Bolsonaro e o fascismo são o fato novo na luta pela democracia e pela vida no Brasil. São ações legítimas, protegidas pelo Artigo 5º. da Constituição, que garante de forma expressa o direito às liberdades de expressão, reunião e de associação", afirma ainda o documento.

Equidistante na discussão interna do partido, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou o ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT) que, em tese, deveria ser aliado dos petistas. Na entrevista concedida a um site de notícias brasiliense, Lula rechaçou o comportamento de Ciro Gomes, que tem reiterado severas críticas ao líder petista.

Lula relembrou que, “se Ciro fosse humilde e não fosse para a França, o PT poderia ser o primeiro em 2018”, referindo-se ao fato de Gomes não ter declarado apoio a Fernando Haddad no segundo turno contra Jair Bolsonaro. 

— Se o povo quer que você ganhe, então vota logo em você no primeiro turno — constata, em referência ao fato de Ciro, nas pesquisas de intenção de voto na época, vencer Bolsonaro no segundo turno, mas não no primeiro.

Comportamento

Lula fez um desabafo quando questionado a respeito de sua relação com Ciro quando o político cearense foi ministro de seu governo. Ele relembra que Ciro Gomes “foi um companheiro” e fez um agradecimento a ele. 

— Quando Ciro Gomes foi eleito deputado federal em 2010, eu não queria que ele tomasse posse, queria que ele fosse para o BNDES, mas ele não quis. Eu disse que a Câmara não era lugar pra ele, por conta da forma que ele se comporta politicamente, do ponto de vista psicológico, mas ele foi — relembrou Lula. 

No entanto, Lula criticou a agressividade atual de Ciro com o Partido dos Trabalhadores.

— Eu sempre falo que converso com Ciro a qualquer hora e ele concede entrevista dizendo que “o PT que vá para a puta que pariu”. Ele já chamou candidata do PT de puta, de vaca, bateu na cabeça de petista com bandeira. Tenho respeito e consideração por ele, mas ele não respeita — lamentou.

Elite

Lula, que apoia a decisão do PT de integrar os protestos de rua contra o governo neofascista, também comentou a respeito das críticas que recebeu por sua não adesão ao manifesto “Juntos”, de centro-direita. Segundo ele, o manifesto não cita o impeachment de Bolsonaro e nem condena a nociva política econômica do governo.

— E quem manda nesse governo é o (Paulo) Guedes, Bolsonaro é o bobo da corte — constata. 

Lula ressaltou que o manifesto “apenas fala da democracia de forma muito genérica”. E ponderou que, “quando parte da sociedade tenta se mobilizar, parte da elite tenta controlar o processo”, referindo-se aos empresários milionários que assinaram o panfleto.

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