Quem são os grupos responsáveis pela violência no Iraque e seus objetivos

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Publicado quinta-feira, 24 de junho de 2004 as 15:46, por: CdB

Somente hoje, 89 mortos em ataques simultâneos no Iraque. Cinco cidades foram atingidas, Mossul, Baquba, Ramadi, Fallujah e a capital Bagdá, e o número de feridos chega a 320, a maioria civis. Há dois dias, mais 45 pessoas morreram também em atentados.

A pergunta é “quem está por trás dessa onda de violência que aumenta com a chegada de 30 de junho?”, prazo estipulado para a mudança de comando do Iraque.

Um grupo ligado à Al Qaeda, Jamaat al Tawhid , assumiu a autoria de alguns dos ataques. Esse mesmo grupo foi o responsável pelas decapitação de um sul-coreano, após o prazo dado pelos terroristas para a Coréia voltar atrás na sua decisão de enviar 3 mil soldados ao país e também degolou um norte-americano na semana passada, quando não teve atendida sua exigência de troca do prisioneiro por membros da Al Qaeda presos na Turquia. O grupo é liderado pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, um dos líderes da Al Qaeda.

Contudo, não é só a grupos extremistas que pode-se atribuir os ataques. É certo que uma das contribuições de George Bush para o Iraque foi a entrada dos terroristas. Antes da invasão da coalizão, não havia atos terroristas no país. Mas muitos dos atentados que vêm acontecendo, são responsabilidade de dois outros grupos: dos sunitas, representados pelos antigos apoiadores de Saddam Hussein, do partido Baath e dos xiitas, que não concordam com a presença de estrangeiros no país, entre outras divergências.

Mas há entre os dois grupos uma idéia em comum. Nenhum dos dois concorda com o eleito pelos norte-americanos para assumir o controle do pais, Iyad Allawi. Pelo lado dos sunitas, por ser ele um xiita. Pelo lado dos xiitas, acusam Allawi de ser um “falso” xiita e traidor. Quando os norte-americanos invadiram o Iraque, a idéia era colocar no poder algum sunita que servisse a seus interesses. Contudo, depois que dois dos escolhidos foram assassinados, não restou outra opção. E só por não ser um xiita extremista, e só por isso, foi escolhido.

Então a confusão está armada. Os xiitas mais radicais, representados pelo clérigo Moqtada al-Sadr, não querem o país como está e também não aceitam o novo comando. Chegam a ter sob seu comando algumas regiões, como Najaf que foi alvo de violentos combates no mês passado. A milícia de Al Sadr tem ao todo cerca de 3 mil homens.

Os sunitas estão sob apreensão e temem sofrer represálias porque o governo será passado para um xiita. Durante a ditadura de Saddam Hussein, os sunitas, que são minoria no país, cerca de 30%, oprimiram os xiitas, que eram a maioria (60%). O resto da população é curda, que está à margem, pelo menos por enquanto, dos conflitos no resto do país.

E para piorar a situação, ainda há os terroristas, que viram no Iraque de agora, uma grande terra fértil para o plantio de suas idéias e atividades. A Al Qaeda não luta para ter poder nenhum no Iraque, luta apenas para infernizar a vida dos norte-americanos, que, segundo várias declarações de importantes autoridades, não tinham idéia do vespeiro que estavam colocando a mão.