Dois rabinos ultra-ortodoxos solicitaram ao Poder Judiciário que julgue o primeiro-ministro Ariel Sharon como um criminoso de guerra nazista porque seu plano de evacuação da Faixa de Gaza “causará a morte de milhares de judeus”.
Os dois rabinos, Shalom Volpo e Yekutiel Rap, do movimento internacional Chabad-Lubavitch, apresentaram neste domingo uma solicitação ao assessor jurídico do governo israelense e procurador-chefe, Menahem Mazuz, de que Sharon seja processado por “colaboracionismo com os nazistas”. Esta é uma das leis mais severas do código penal israelense e contempla como punição a pena de morte. “As organizações terroristas (palestinas e islâmicas) são os nazistas de nossa geração, e o plano de desligamento de Sharon é como colaborar com os nazistas”, escreveram os dois religiosos ao procurador-chefe de Israel.
Volpo e Rap sustentam que a evacuação militar da Faixa de Gaza, que o Parlamento israelense votará na terça-feira e que Sharon pretende aplicar, causará a morte de milhares de judeus pelos ataques palestinos. Por isso, afirmam, o plano de desligamento de Sharon pode ser comparado com o massacre dos nazistas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.
A lei de colaboracionismo com os nazistas foi aplicada em Israel somente em duas ocasiões: na década de 60 para julgar Adolf Eichman, que foi mandado para a forca por sua responsabilidade no Holocausto nazista, e na década de 80 para julgar Ivan Demjanuk, supostamente o “Ivan, o terrível de Treblinka”, declarado inocente por falta de provas.
A denúncia dos dois rabinos indignou a opinião pública israelense, que a interpretou como um novo pedido de morte para o primeiro-ministro de Israel, quando se lembra o nono aniversário do assassinato de Yitzhak Rabin por um radical da direita israelense.
– Eu não disse a ninguém para matar, simplesmente estou pedindo ao procurador geral do Estado que julgue uma pessoa que está entregando a vida de milhares de judeus ao terrorismo – disse Volpo.
– Por causa do processo de Oslo (1993-2000) já morreram mais de mil israelenses. O que temos de esperar com o plano de Sharon?