Recessão no país reduz gastos de brasileiros no exterior

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Publicado terça-feira, 24 de janeiro de 2017 as 12:43, por: CdB

Sem recessão, as viagens de estrangeiros ao Brasil, por sua vez, aumentaram de US$ 5,844 bilhões em 2015, para US$ 6 bilhões em 2016. Um crescimento nominal de 3%

 

Por Redação – de Brasília

 

Em decorrência da recessão econômica porque passa o Brasil, os gastos dos brasileiros no exterior caíram 16,5% em 2016. O termo de comparação refere-se a 2015. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC), nesta terça-feira. A redução foi US$ 17,357 bilhões para US$ 14,497 bilhões.

dólar
O gasto de dólares, no exterior, com as compras de turistas brasileiros, observou nova queda. A recessão tem espantado os turistas dos shoppings

As receitas com viagens de estrangeiros ao Brasil, por sua vez, aumentaram de US$ 5,844 bilhões em 2015, para US$ 6 bilhões em 2016. Um crescimento nominal de 3%. A alta ocorreu no ano em que o Rio de Janeiro sediou as Olimpíadas, atraindo turistas de várias partes do mundo.

No mês de dezembro, em que parte da população tira férias, os gastos de brasileiros com viagens internacionais aumentaram em relação ao mesmo período de 2015. A elevação foi R$ 1,245 bilhão para R$ 1,392 bilhão, o equivalente a 11,8%.

Transações correntes

Os gastos de turistas estrangeiros no país passaram de US$ 592 milhões, em dezembro de 2015, para US$ 451 milhões em igual mês de 2016. Houve queda, portanto, de 23,8%.

A conta de viagens internacionais encerrou o ano passado com déficit, negativa em US$ 8,473 bilhões. No mês de dezembro, a conta teve déficit de US$ 941 milhões.

A conta de viagens internacionais é parte das transações correntes. Ou seja, das trocas comerciais de produtos e serviços do Brasil com o resto do mundo. Em 2016, as transações correntes registraram déficit de US$ 23,5 bilhões.

Em recessão

Em vez de gastar dinheiro em compras no exterior, parte dos brasileiros tem preferido pagar dívidas. O número de famílias endividadas caiu 3,9% no ano passado, segundo estudo da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Em contrapartida, o número de famílias com contas ou dividas atrasadas (inadimplentes) aumentou 18,4% em comparação a 2015. A recessão econômica tem sido decisiva nesse fator. Os dados integram a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de 2016, divulgada nesta terça-feira.

O levantamento mostra que apesar da redução no número médio de famílias endividadas em relação a 2015, os indicadores de inadimplência apresentaram alta no período. Principalmente no terceiro trimestre do ano. Com isso, a parcela de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou em relação a 2015, atingindo 23,6% do total.

Já o número de famílias inadimplentes (que não tiveram condições de pagar suas contas em atraso) alcançou 8,9%. Representa um aumento de 25,2% em comparação com o ano anterior.

Para o economista da Confederação, Bruno Fernandes, tanto a queda do nível de endividamento como o aumento da inadimplência “foram reflexos da retração da economia doméstica em 2016”. Para ele, “a desaceleração do consumo, proveniente da piora do mercado de trabalho e das altas taxas de juros, ocasionou maior dificuldade às famílias para honrar os seus compromissos no período”.

Cartão de Crédito

A pesquisa divulgada pela CNC constatou, mais uma vez que, assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi o principal vilão. Foi o responsável pelo endividamento, com a modalidade atingindo no ano passado 77,1% das famílias. O carnê vem em segundo lugar, atingindo 15,4% das famílias. E, em terceiro lugar, as dividas contraídas por famílias para financiamento de carro, que chegam a 11,2% do total.

Outro dado importante, constatado pela pesquisa, foi o crescimento do crédito pessoal entre os tipos de dividas mais citados. Aparece com 10,3% de participação. Segundo o estudo, “contrariando uma tendência de redução neste tipo de endividamento, que vinha sendo observado nos últimos três anos”. No ano passado, por exemplo, a média deste tipo de endividamento era de 9%.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de 2016 constatou uma piora na percepção das famílias quanto ao seu nível de endividamento. Parcela média da renda mensal, porém, segue comprometida com o pagamento de dívidas. O dado permanece estável em 30,6%.

Já a média anual do percentual de entrevistados que relataram estar muito endividados aumentou de 12,4% em 2015 para 14,3% em 2016.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC, desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.