Recife: bancários protestam contra privatização de bancos públicos

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Publicado Quinta, 08 de Setembro de 2016 às 11:51, por: CdB

Os bancários estão em greve também por reajuste salarial de 14,78%, dos quais 5% são de aumento real. Até agora, a proposta dos bancos foi de 6,5% de reajuste com R$ 3 mil de abono

Por Redação, com ABr - do Recife:

Bancários em greve desde a última terça realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira, no Recife, em frente de duas das maiores agências de bancos públicos da capital pernambucana. O protesto recebeu apoio de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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Bancários em greve desde a última terça realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira, no Recife

De acordo com a presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, a principal pauta dos grevistas é a defesa dos empregos em instituições públicas e privadas. “Nos bancos privados, queremos segurança nos empregos e o fim das demissões. Nos bancos públicos, que se contratem os concursados. Eles fizeram concurso, estão incentivando a aposentadoria e não estão repondo”, afirmou.

Além disso, os bancários usam a greve para pressionar o governo federal contra o que eles consideram uma ameaça de privatização dos bancos públicos. “O governo Temer fez um estudo e pretende juntar Banco do Brasil e Caixa, transformar o BB em uma agência de fomento e acabar com o Banco do Nordeste. A gente sabe que esse banco é fundamental para financiar a agricultura familiar. Por isso, estamos em campanha: Se é público, é para todos”, acrescentou Suzineide.

A manifestação começou na agência do Banco do Brasil da Avenida Guararapes, área central da cidade. Por volta de 11h, os manifestantes seguiram para o Banco do Nordeste, na Avenida Conde da Boa Vista. Muitos vestiam camisetas da campanha "Se é público é de todos", organizado pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. O movimento foi criado para defender os serviços e empresas públicas nacionais.

O suposto estudo para fusão dos dois bancos não foi confirmado pelo governo. Em junho, depois da divulgação de reportagens a respeito da possível mudança, o Banco do Brasil divulgou um comunidado afirmando não existir qualquer negociação para fusão com a Caixa Econômica Federal.

Os bancários estão em greve também por reajuste salarial de 14,78%, dos quais 5% são de aumento real. Até agora, a proposta dos bancos foi de 6,5% de reajuste com R$ 3 mil de abono para os trabalhadores. “Os bancos lucraram muito e não ofereceram proposta digna para os bancários. Os seis maiores bancos do país tiveram R$ 29 bilhões de lucro. Então, é claro que eles podem dar aumento decente e evitar a greve”, disse a sindicalista.

A pauta da categoria inclui participação nos lucros e resultados de três salários mais R$ 8.297,61; piso salarial de R$ 3.940,24; vales-alimentação e refeição, e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 880). Uma reunião de negociação entre os funcionários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) está prevista para esta sexta-feira, em São Paulo.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se uniram aos bancários na manifestação. José Farias, da coordenação estadual da entidade, afirmou que os agricultores familiares e assentados também sofreriam com uma eventual privatização dos bancos públicos, já que são eles os operadores de crédito subsidiado de programas do governo federal. "Já não temos serviços públicos bons. O crédito que precisamos para produzir e alimentar nossas famílias precisa continuar", argumentou.

Agências fechadas

De acordo com a presidenta do Sindicato dos Bancários, em Pernambuco o primeiro dia de greve atingiu 75% das agências bancárias. Segundo ela, em relação aos bancos públicos o índice chegou a 90%. “A gente acha que hoje vai fechar em torno de 80% a 85%. A ideia é manter a greve forte porque nesta sexta-feira, terá uma negociação da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

Conforme o sindicato, são 625 agências no estado. Várias estão realizando somente serviços de emergência e orientação a aposentados, que geralmente têm dificuldade em usar a tecnologia de auto-atendimento.

Suzineide informou que no interior a situação é mais grave. Para a sindicalista, algumas cidades estão com 100% de adesão da categoria.

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