Redução de restrições a saques bancários confunde argentinos

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Publicado Quarta, 23 de Janeiro de 2002 às 22:19, por: CdB

Os argentinos voltaram a fazer grandes filas diante dos bancos nesta quarta-feira, depois que foi implementada a flexibilização parcial do corralito - o bloqueio parcial dos depósitos bancários. Pelas novas regras anunciadas pelo Banco Central, os argentinos poderão transfomar em pesos as suas aplicações em dólar na caderneta de poupança ou em aplicações de renda fixa até um valor máximo de US$ 5 mil, mas devem usar o câmbio oficial, de 1,40 pesos por dólar. A limitação provocou insatisfação, já que no mercado livre, é possível trocar um dólar por até 1,85 peso. "Estão roubando parte do meu dinheiro, mas não tenho outra opção. Preciso de minhas economias para viver e não me resta outra solução", disse um homem que estava na fila do Banco Nación, na Praça de Mayo. "O que posso dizer? Mais vale um pássaro na mão do que mil voando. Se não "pesificamos" agora e tratamos de gastar esse dinheiro, não poderei retirá-lo antes de um ano", disse uma argentina que também estava na fila. Em alguns bairros, houve "panelaços" diante de bancos. As restrições para sacar dinheiro continuam vigorando e quem tem conta corrente só pode sacar US$ 1.500 por mês. Para os que argentinos que têm aplicação em pesos, o limite para a liberação é de 7 mil pesos. No entanto, mais de 75% dos argentinos têm depósitos na moeda americana. Apenas os aposentados com mais de 75 anos, aqueles que foram indenizados por causa de demissão e os que estão fazendo tratamento de doença ficam de fora do corralito e vão poder retirar todo o dinheiro depositado no banco. Muita gente nas filas dos bancos reclamava que as regras para a retirada de dinheiro continuam confusas. No dia 3 de dezembro, quando Fernando De La Rúa ainda era presidente da Argentina, os saques bancários foram limitados pela primeira vez, depois de uma fuga maciça de depósitos que deixou o sistema financeiro à beira do colapso. No dia 6 de janeiro, quando o presidente já era Eduardo Duhalde, foram impostas mais restrições: os depósitos em dólares foram congelados e a devolução do dinheiro foi redefinida em um cronograma. Quem tinha dólares no banco só poderia ter acesso a suas economias em cotas, a partir de 2003. Agora, o governo resolveu flexibilizar o corralito, diante das reclamações dos poupadores e das advertências feitas por analistas, que temem que a economia argentina fique ainda mais estanque.

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