Regime irregular de chuvas não afeta interesse sobre hidrelétricas

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Publicado Sexta, 08 de Setembro de 2017 às 11:56, por: CdB

O ONS ainda cortou as previsões de chuva nas hidrelétricas do Sul e do Norte, enquanto manteve as expectativas para o Nordeste.

 

Por Redação, com Reuters - de São Paulo

 

As hidrelétricas do Sudeste do Brasil, que concentram os maiores reservatórios, devem receber em setembro chuvas equivalentes a apenas 71% da média histórica. Foi o que estimou, nesta sexta-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Reduziu, assim, significativamente, a projeção anterior, de 84% da média.

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A Companhia Energética de Minas Gerais, Cemig, pode vender suas hidrelétricas

O ONS ainda cortou as previsões de chuva nas hidrelétricas do Sul e do Norte, enquanto manteve as expectativas para o Nordeste. O órgão do setor elétrico também não alterou sua projeção para a carga de energia do sistema interligado do Brasil em setembro, que é de alta de 1,1% ante o mesmo mês do ano passado.

Hidrelétricas

A incerteza sobre o desempenho das hidrelétricas, em um regime irregular de chuvas no país, ao longo dos últimos anos, no entanto, não reduziu o interesse dos investidores sobre o setor. Uma eventual venda da fatia da construtora Andrade Gutierrez na elétrica mineira Cemig poderá levantar forte interesse pelo grande mercado em que a companhia atua e por seus bons ativos, que se encontram depreciados no momento, disseram especialistas nesta sexta-feira.

Se a entrada de um novo sócio pode ser boa para a elétrica em dificuldades financeiras, a situação da companhia mineira, que ainda pode perder quatro hidrelétricas cujas concessões venceram, pode diminuir os retornos de uma eventual venda pela construtora, segundo analistas.

A Cemig divulgou na véspera que a Andrade Gutierrez rescindiu o acordo de acionistas da empresa e assim ficou apta a vender a qualquer momento suas ações na elétrica, em bolsa de valores ou em mercado de balcão.

Ativo depreciado

A Andrade Gutierrez Concessões (AGC) detém 6,70% de participação total na Cemig, com 20% das ações ordinárias da companhia. A fatia valeria hoje quase 710 milhões de reais, sem considerar um eventual prêmio ante o valor dos papéis.

— A Cemig é um ativo grande, bem valioso. Se depreciou nos últimos anos. Mas é um ativo de muito valor, que gera caixa fácil. Comprador tem — disse à agência inglesa de notícias Reuters o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.

O sócio da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, disse que o formato da venda das ações definirá o tipo de interessado, mas destacou ver grande apetite pela companhia.

— A Cemig tem ativos muito bons e um mercado muito grande em Minas Gerais. É um negócio fantástico.. Se for vender em bolsa, pode atrair fundos de investimento. Se for uma venda direta, seriam os interessados de sempre, como os chineses e elétricas europeias — disse.

Novo investidor

Os especialistas atribuem o movimento da Andrade Gutierrez à busca por caixa. Isso, em um momento em que a construtora tenta se reestruturar. A empresa é alvo do enorme escândalo de corrupção deflagrado no Brasil, com as investigações da Operação Lava Jato.

Dado esse cenário, a saída da Andrade Gutierrez da Cemig e a entrada de novos acionistas poderia até mesmo ser positiva para a elétrica. Esta, atualmente, passa por dificuldades devido a uma elevada dívida. Assim, busca vender ativos para se reequilibrar.

— Um novo investidor pode dar uma respirada nova, trazer mais investimento no negócio da companhia — disse Mello.

Ações negociadas

Os especialistas ressaltaram, no entanto, que o difícil momento atual da Cemig pode reduzir o retorno da Andrade Gutierrez na venda.

As ações ordinárias da companhia são negociadas atualmente a cerca de R$ 8,40. Chegou ao pico de quase R$ 16 em agosto de 2014. Às 11h54 desta sexta-feira, as preferenciais recuavam 0,12%.

Com ativos em geração, transmissão e distribuição de eletricidade, a Cemig é uma das maiores elétricas do país.
A companhia é controlada pelo governo de Minas Gerais, com 17,4% do capital e 51% das ações ordinárias. O BNDESPar possui outros 6,4% da companhia, com 13% das ações ordinárias.

Momento complicado

Atualmente, além de enfrentar uma alta dívida e conduzir um programa de vendas de ativos, a Cemig caminha para perder a concessão de quatro hidrelétricas. Estas respondem por quase 50% de sua capacidade de geração.

Os contratos de concessão desses ativos venceram. O governo federal quer relicitá-los, mas a Cemig trava uma disputa judicial para manter as usinas.

No momento, o leilão encontra-se suspenso por decisão judicial. O Tribunal de Contas da União determinou que o governo paralise negociações para um eventual acordo sobre as usinas com a Cemig. Argumenta que as conversas podem atrapalhar a atração de interessados para a licitação, marcada para o dia 27 deste mês.

— Talvez a Andrade Gutierrez precise de dinheiro e não queira esperar essa briga judicial. Podem ter chegado no limite. Com a perda de valor nos últimos anos, se ela não vê perspectiva de melhora nos próximos anos, vende — disse Erik, da Excelência Energética.

Procuradas, Cemig e Andrade Gutierrez não comentaram imediatamente o assunto.

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