Regime proposto por Temer é outro engodo, afirma cientista política

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Publicado Quinta, 18 de Novembro de 2021 às 11:13, por: CdB

Na avaliação da especialista, colocar a questão em discussão a menos de um ano da próxima eleição presidencial parece uma resposta às pesquisas eleitorais, que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro lugar, em todos os cenários.

11h29 - de São Paulo
A adoção do chamado semipresidencialismo como regime de governo voltou à pauta na última quarta-feira, após o ex-presidente Michel Temer e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderem a ideia. Para a cientista política Rosemary Segurado, a proposta é um “balão de ensaio” para agradar as elites.
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O ex-presidente de facto Michel Temer admitiu que houve um golpe de Estado, no Brasil
Na avaliação da especialista, colocar a questão em discussão a menos de um ano da próxima eleição presidencial parece uma resposta às pesquisas eleitorais, que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro lugar, em todos os cenários. — Nós já tivemos debates anteriores, e que passaram por esse tema, mas não avançaram. Isso é uma agenda para as elites, não para o eleitor comum. Colocar esse debate agora é um medo do resultado da próxima eleição, uma tentativa de mudar a regra do jogo de última hora — criticou, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA)

Pesquisas

De acordo com a cientista política e professora da PUC-SP, há mudanças feitas apenas para acomodar setores específicos no poder. E o semipresidencialismo é um desses casos. Em 1997, por exemplo, foi aprovada a emenda que permitia a reeleição em cargos do Executivo, apresentada por Fernando Henrique Cardoso (FHC). Na última semana, o ex-presidente Lula fez diversas reuniões com líderes da Europa, em seu giro pelo continente. Na última segunda-feira, foi aplaudido de pé, no Parlamento Europeu. Já na última quarta-feira, Lula foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, sede do governo. — Nesta semana, Lula se encontrou com líderes e presidentes da Europa para discutir um plano de redução da desigualdade social, enquanto o presidente do Brasil está no Catar andando de moto. Um se comporta como estadista e o outro, como um adolescente — acrescentou. Há um contraste evidente de postura política entre Lula e Bolsonaro, avalia Segurado. — Antes dos três anos de governo Bolsonaro, nós vimos o Brasil ser tratado como um lugar respeitado. Agora, nas viagens recentes, o atual presidente estava isolado, sem diálogo e expôs o país ao vexame internacional — concluiu.
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