Remédio para Dilma evitar a falência

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Publicado Quarta, 16 de Setembro de 2015 às 16:59, por: CdB
Por Rui Martins, de Genebra, Suíça
DIRETO-RUI-MARTINS.jpgToda esquerda ficará ao lado de Dilma, se ela tiver coragem de exigir da Suíça os nomes e devolução das contas secretas de brasileiros e isso evitará novos impostos e os ajustes fiscais
A presidente Dilma procura desesperadamente uns 30 bilhões de reais para poder evitar a falência e terminar seu mandato, sem ser apeada pela direita ou pela esquerda, já que conseguiu descontentar inimigos e amigos. Mas sem cobrar nada pela receita, chego de ambulância com meu remédio milagroso. Porém, apesar dos meus antecedentes, provo, desde já, não ser uma solução de esquerdista, muito ao contrário, é uma poção mágica, que se tornará miraculosa para o Brasil, já usada com rigor pela nata dos países capitalistas e, ao mesmo tempo, bem vista pelos militantes de esquerda. Posso citar alguns desses países – os Estados Unidos, a Alemanha e a França. Portanto, é a solução ideal, por desagradar só a uma pequena parcela da população mas capaz de ganhar o apoio da quase totalidade da população por poder impedir a aplicação dos ajustes fiscais e tornar desnecessário o aumento dos impostos que irão também encarecer os combustíveis. Trata-se da recuperação de uma enome fortuna escondida e improdutiva na Suíça. Essa questão é mesmo de atualidade porque os Estados Unidos, sob a ameaça de lhes tirar a licença no seu território, obrigou os bancos suíços a lhes fornecerem os nomes de todos os cidadãos norteamericanos seus clientes, depois de lhes terem aplicado uma salgada multa por terem estimulado a sonegação de impostos e acobertado fortunas desviadas para a Suíça. E isso vinha acontecendo faz dezenas de anos, mesmo existindo um acordo bilateral entre os EUA e a Suíça contra a evasão fiscal de dinheiro americano. Entretanto, denúncias de alguns indelicados alertaram o fisco americano quanto à migração de bilhões de dólares para os Alpes, provocando imediatamente uma mobilização da Justiça americana contra os bancos e ameaças à própria Suíça. E o resultado foi quase imediato: colocada na parede como país receptador e fomentador de evasão fiscal, a Suíça pediu para seus bancos não terem mais segredos com Tio Sam e, para desespero de ricaços norteamericanos, todos entregaram os extratos dos ingênuos clientes que haviam acreditado num eterno segredo suíço! Os segredos se tornam cada vez mais difíceis na nossa época de Internet, pois alguns informáticos de importantes bancos, como foi o caso do HSBC, venderam ou entregaram por ato de cidadania a relação de clientes com contas secretas em diversos bancos suíços, para o fisco da Alemanha e da França. Descobriu-se, assim, ter sido inócuo o acordo bilateral selado entre a Suíça com diversos países europeus, pelo qual os próprios bancos deveriam debitar anonimamente os impostos sobre as fortunas de cidadãos desses países, provando não ser possível se fazer acordo com seu assaltante. Diante disso, os acordos bilaterais dos EUA e de países da União Européia são no sentido da transparêcia bancária – os nomes dos clientes devem ser comunicados aos fiscos dos EUA, da Alemanha e da França. Com isso, em apenas alguns meses, a França recuperou 10 bilhões de euros, pois os despositantes secretos decidiram se autodenunciar antes de serem entregues por seus próprios bancos às autoridades fiscais de seus países. Não sei se ficou claro, mas minha receita ou sugestão é essa, a do Brasil celebrar com a Suíça um acordo bilateral prevendo a transparência bancária, pela qual o fisco brasileiro receberia a relação dos nomes e importâncias dos depositantes brasileiros nos secretos bancos alpinos. De posse desses nomes, o fisco brasileiro poderia exigir do depositante sonegador o repatriamento da fortuna ou o pagamento de uma multa, equivalente a uns 30% do total, mais os impostos relacionados com as operações comerciais geradoras da importância transferida ao exterior. O momento é oportuno, pois ao ceder para os Estados Unidos e para a União Européia, seria difícil para a Suíça se negar a ceder para o Brasil, onde estão importantes investimentos da Nestlé e da ABB, para citar apenas dois. Para os banqueiros suíços restariam os tesouros secretos dos milionários dos outros países latinos, africanos e asiáticos. Em 2005, quando escrevi o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas secretas de Paulo Maluf, revelei que, segundo o suíço pioneiro na luta contra o segredo bancário, Jean Ziegler, havia cerca de 130 bilhões de dólares de brasileiros na Caverna Suíça de Ali Babá. Imagine se a presidente Dilma conseguir recuperar pelo menos 30% desse total, numa primeira fase, digamos já em 2016, podendo-se mesmo supor já terem duplicado os 130 bilhões de oito anos atrás! Atrevo-me mesmo a propor seja o ex-chanceler Celso Amorim o designado para ir à Suíça exigir o que nos é devido, mostrando um Brasil desejoso de ter o mesmo tratamento dado aos Estados Unidos, à Alemanha e à França. Posso mesmo apostar numa reconquista do nosso respeito junto à comunidade internacional e um retorno aos padrões positivos do Standard & Poors. E, em apenas alguns dias, sua imagem de mulher guerreira seria revalorizada, por peitar a Suíça, e ninguém mais lembraria dessa história de impeachment, nem o Hélio Bicudo. E cereja em cima do bolo, o governo de Dilma recuperaria, sem ajustes fiscais, sem aumentos de impostos e sem sacrifício das medidas sociais, todos os bilhões hoje necessários. Como vê, o remédio pode ser um tanto amargo para quem tiver de tomá-lo mas bastará o anúncio da intenção de usá-lo para subir a cotação da presidente Dilma e se criar uma frente nacional de direita e de esquerda em seu apoio. Se Dilma não quiser tentar, prometo propor em novembro ao seu sucessor. Rui Martins, jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, pela recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes. Escreveu Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A Rebelião Romântica da Jovem Guarda, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil, e rádios RFI e Deutsche Welle. Editor do Direto da Redação.
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