Revisão oficial derruba o PIB a zero e observa o risco de nova recessão

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Publicado Quinta, 19 de Março de 2020 às 15:34, por: CdB

Segundo o secretário, a nova estimativa será apresentada pela pasta nesta sexta-feira, quando a equipe econômica divulgará o primeiro Relatório de Divulgação de Receitas e Despesas. Rodrigues também destacou a forte depreciação da cotação do barril de petróleo tipo Brent, que impacta as receitas da União.

 
Por Redação - de Brasília
  Secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues confirmou, nesta quinta-feira, que o governo não afasta a possibilidade de uma nova recessão, após revisar para zero o crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB), neste ano. Segundo Rodrigues, o valor “está bem abaixo” do previsto anteriormente pelas estimativas da Secretaria de Política Econômica (SPE), de 2,1%.
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Na média anual, 2020 apresenta piora em relação a 2019, com uma recessão a caminho
— (É) um valor em linha com o mercado. De fato, várias projeções já indicaram valores entre 0,5% e 0%. Os nossos números refletem todas essas alterações — complementou Waldery. Segundo o secretário, a nova estimativa será apresentada pela pasta nesta sexta-feira, quando a equipe econômica divulgará o primeiro Relatório de Divulgação de Receitas e Despesas. Rodrigues também destacou a forte depreciação da cotação do barril de petróleo tipo Brent, que impacta as receitas da União.

Desemprego

Na véspera, instituições financeiras voltaram a revisar as estimativas para o crescimento econômico do Brasil. O JPMorgan, por exemplo, projeta declínio de 1% no PIB em 2020, ante a expectativa anterior, de crescimento de 1,6%. O Goldman Sachs também foi outra instituição a reduzir a sua projeção para o crescimento econômico neste ano, de expansão de 1,5% para contração de 0,9%. O UBS também reduziu, a 0,5%, a sua expectativa para o crescimento do PIB neste ano, ante taxa já revisada para baixo, de 1,3%. O impacto da pandemia do coronavírus, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tende a desencadear uma crise econômica global, destruindo até 25 milhões de empregos em todo o mundo se os governos não agirem rapidamente para proteger os trabalhadores do impacto. "No entanto, se virmos uma resposta coordenada internacionalmente, como aconteceu na crise financeira global de 2008/9, o impacto no desemprego global poderá ser significativamente menor", afirmou a OIT, em nota.

Política fiscal

Essas medidas incluem a ampliação da proteção social, o apoio à manutenção de empregos (ou seja, trabalho com jornada reduzida, licença remunerada e outros subsídios) e aos benefícios fiscais e financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas. Além disso, a avaliação propõe medidas de política fiscal e monetária, além de empréstimos e do apoio financeiro a setores econômicos específicos. Com base em diferentes cenários para o impacto da Covid-19 no crescimento do PIB global, as estimativas da OIT indicam um aumento no desemprego global entre 5,3 milhões (cenário "baixo") e 24,7 milhões (cenário "alto") a partir de um nível base de 188 milhões em 2019. Em termos comparativos, a crise financeira global de 2008-2009 aumentou o desemprego global em 22 milhões.

Surto

Em linha com as medidas de emergência contra a pandemia, o Comitê de Política Monetária (Copom), optou por mais um corte de 0,5% na taxa básica de juros, a Selic, levando-a aos 3,75%. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a Selic abaixo da inflação denota juros reais negativos no país. Com isso, o dólar chegou a ser cotado a R$ 5,19. Nestes três primeiros meses do ano, a Bolsa de Valores teve queda de 42%, acionando, pelo menos, seis circuit breakers no mês de março. Especialistas do mercado financeiro indicam que mesmo com a tentativa de estímulo através do corte, 2020 é um ano perdido do ponto de vista econômico, o que pode perdurar até 2021, já que o país deve demorar para se recuperar dos impactos causados pela pandemia do novo coronavírus. Para Daniela Casabona, sócia-diretora da FB Wealth, o corte no Brasil foi puxado por outros países que tomaram a decisão, buscando minimizar os impactos da crise atual. — O Banco Central enfrentou o desafio de analisar o impacto real do surto na economia, a decisão foi puxada também pelos cortes nos bancos centrais do mundo, que tentam adotar medidas de incentivos para minimizar o impacto negativo na economia — afirmou Casabona.

Prejuízo

A financista afirma, ainda, que os países podem se desgastar com os cortes, uma vez que não são eficazes no momento de recessão global. — Outros países já vêm testando o corte, porém em um momento de crise vai trazer mais estresse, o corte de juros não irá reativar a economia, a recessão é global — acrescentou. Guto Ferreira, analista político-econômico da Solomon's Brain, aponta que foi uma tentativa falha do governo de tentar estimular o consumo. — É uma tentativa desesperada, já que este era o momento de manutenção ou até de subir a taxa de juros. A Bolsa segue perdendo e muitos até defendem o fechamento da B3 neste período, se ela continuar perdendo, teremos que usar o ano de 2021 inteiro para pagar este prejuízo — concluiu Ferreira.
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