Em março, após a revelação do Le Monde, Andrada minimizou as alegações, dizendo que a vitória do Rio “foi claríssima” e “limpa”
Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro:
A Polícia Federal realizou buscas nesta terça-feira na casa do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e entregou intimação ao dirigente para prestar depoimento como parte de investigação sobre suposto esquema internacional de corrupção para compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.
A operação faz parte de inquérito iniciado pela França sobre suspeita de que o executivo Arthur César de Menezes Soares Filho; ligado ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral, que está preso; fez pagamento de US$ 1,5 milhão ao filho de um membro senegalês do Comitê Olímpico Internacional (COI) três dias antes da votação de 2009 que definiu o Rio como sede dos Jogos Olímpicos.
De acordo com a Polícia Federal, o esquema envolveria o pagamento de propina em troca da contratação de empresas terceirizadas por parte do governo estadual do RJ sob o comando de Cabral; que foi preso no ano passado no âmbito da operação Lava Jato.
As investigações
As investigações apontam que parte da propina pode ter sido desviada para comprar votos para o Rio na eleição do COI em Copenhague que escolheu a sede da Olimpíada de 2016.
– Os fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016 – disse a PF em comunicado.
Os agentes da PF cumpriram um total de dois mandados de prisão e 11 mandados de busca; e apreensão expedidos pela Justiça Federal do RJ, no Rio, em Nova Iguaçu e em Paris; como parte da chamada Operação Unfair Play.
De acordo com a emissora Globonews, os mandados de prisão são contra o executivo Arthur César Soares e uma sócia. Mas o empresário estaria atualmente morando nos Estados Unidos.
Compra de votos
A suspeita de compra de votos para a eleição do Rio como sede olímpica foi; levantada inicialmente pelo jornal francês Le Monde em março. De acordo com a publicação; o empresário Arthur Soares fez um pagamento de US$ 1,5 milhão a Papa Massata Diack; filho do então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) e membro do COI Lamine Diack; dias antes da votação.
O Le Monde disse ainda que Papa Massata Diack pagou quase US$ 300 mil ao alto membro do COI Frankie Fredericks, da Namíbia; que posteriormente foi suspenso do COI por suposta violação ética.
Procurado, o diretor de Comunicação dos Jogos Rio 2016, Mario Andrada, não tinha comentários de imediato sobre a operação deflagrada pela PF nesta quarta-feira.
Em março, após a revelação do Le Monde, Andrada minimizou as alegações; dizendo que a vitória do Rio “foi claríssima” e “limpa”.
O Rio foi eleito sede dos Jogos Olímpicos em uma votação em que derrotou Chicago, Tóquio e Madri. Na votação final, contra a cidade espanhola, a candidatura carioca obteve um triunfo com margem folgada, 66 a 32 votos.