Rio vive clima de Iraque

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Publicado Domingo, 11 de Abril de 2004 às 06:48, por: CdB

Um triste fim de semana para a cidade maravilhosa. Não só na Rocinha - onde o bairro vive um clima de guerra civil - mas na Tijuca e em outros bairros da Zona Norte, o Rio vive um fim de semana que lembra a violência no Iraque.

Na Rocinha, moradores abandonaram suas casas com a guerra entre traficantes, que resultou, até o momento, em cinco mortes. Cerca de 900 policiais ocuparam o morro e caçam os bandidos que disputam os pontos de vendas de droga. Na Tijuca, um oficial da Aeronáutica morreu baleado ao reagir a um assalto.

Em Santa Teresa, uma mulher foi fuzilada enquanto estacionava o carro em frente à sua casa e morreu na frente dos dois filhos. Neste domingo, uma menina de doze anos foi morta com 40 facadas na Vila da Penha. Com medo de falsas blitzes, moradores da Barra estão "ilhados". 

O corpo do bicampeão carioca de skate Wellington Silva, morto por traficantes na Rocinha, será enterrado neste domingo no cemitério São João Batista, em Botafogo, neste domingo. Ele foi uma das cinco pessoas que morreram na guerra travada entre traficantes rivais, na sexta-feira, na favela da Rocinha. Em bElo Horizonte, outra vítima foi enterrada neste sábado.

Telma Veloso Pinto, de 38 anos, foi atingida com um tiro de fuzil e morreu ao lado do marido, enquanto passava por São Conrado. Eles foram abordados em uma falsa blitz e ela tentou fugir. Telma morava há três meses no Rio e deixa filho de sete anos.

Na sexta feira, um oficial da Aeronáutica foi baleado na Tijuca, Zona Norte, ao reagir a um assalto quando deixava sua namorada em casa. Os bandidos fugiram com o carro. Neste sábado à noite, uma menina de 12 anos foi assassinada com 40 facadas, em sua residência na Rua Viçosa 175, na Vila da Penha. Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) disseram que ela foi morta por Lucas da Silva Marcelino, que trabalha numa oficina perto de sua casa e prestava serviço para os vizinhos. O rapaz teria estuprado a garota.

Retaliação

O comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, anunciou que as favelas da Rocinha e do Vidigal serão ocupadas por 900 homens da PM, divididos em três turnos, com 300 homens cada um, a partir de segunda-feira. A ocupação será permanente e o grupo terá o apoio de 90 policiais civis durante o dia, que farão batidas em pontos estratégicos das favelas com apoio do Batalhão de Operações Especiais da PM.

Famílias inteiras abandonaram suas casas no alto do morro, onde os confrontos são maiores. Segundo a PM, cerca de 60 bandidos que invadiram o morro na sexta-feira à noite estão escondidos nas matas da favela e podem ser capturados a qualquer momento.
O secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, cancelou sua folga em Angra dos Reis e voltou ao Rio. Ele sobrevoou a Rocinha e, ao lado do chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, tentou tranqüilizar os moradores.

Em jogo, R$ 10 milhões mensais

Ponto estratégico na Zona Sul do Rio, a Rocinha fica no caminho para a Barra da Tijuca e é o mais privilegiado ponto de vendas de drogas da capital. Segundo a PM, as bocas-de-fumo arrecadam, por mês, R$ 10 milhões, e contam até com um disque-droga, em que motoqueiros entregam os entorpecentes em festas e apartamentos.

O morro é controlado por um bandido da facção Comando Vermelho, mas que atualmente não está ligado ao grupo. A fação criminosa tenta, há algum tempo, retomar o morro e os pontos, sem sucesso.

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