Risco para fumantes passivos é o dobro que se pensava

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Publicado Quarta, 30 de Junho de 2004 às 15:24, por: CdB
Os riscos do fumo passivo podem ser duas vezes maiores do que se pensava, de acordo com pesquisadores dos hospitais londrinos St George Medical School e Royal Free Hospital.

Um estudo publicado na revista British Medical Journal diz que o risco de doenças coronárias para fumantes passivos é entre 50% e 60% maior do que para quem não tem contato com a fumaça de cigarro.

O estudo envolveu 4.792 homens com mais de 20 anos. Pesquisas anteriores apontavam para um aumento de 20% a 30% do risco para pessoas que vivem com fumantes.

A diferença é que o estudo realizado agora leva em consideração a exposição no trabalho e em outros lugares. E demonstra que os riscos do fumo passivo podem ter sido subestimados.

Proibição

Durante a conferência da Associação Médica Britânica, os médicos pediram uma proibição total do fumo nos locais de trabalho.

Para pressionar pela proibição, eles fizeram um abaixo-assinado original, em forma de uma receita gigante assinada pelos médicos presentes.

Peter Whincup do hospital St George chefiou a equipe que examinou a ligação entre a cotinina, uma substância que se deposita no sangue e demonstra a exposição à fumaça de cigarro, e o risco de doenças coronárias e derrames.

O estudo foi realizado em um período de 20 anos com mais de 4 mil homens com idades entre 40 e 59 anos, em 18 diferentes cidades da Grã-Bretanha.

A conclusão foi que os homens que apresentavam maiores níveis de cotinina no sangue, portanto mais expostos ao fumo, tinham o maior risco de desenvolver doenças do coração.

Curto prazo

Níveis altos de cotinina aumentaram o risco entre 50% e 60% e eram maiores quando analisados no curto prazo. Isto sugere que a ligação entre a cotinina e as doenças de coração diminui com o tempo.

Mas não foram encontradas ligações entre o nível de cotinina e o risco de derrame.

"O verdadeiro efeito do fumo passivo pode ser sido subestimado por concentrar-se na exposição à fumaça do cigarro do parceiro", afirma o professor Whincup.

"O que examinamos foi a exposição total do fumo passivo. Os efeitos são provavelmente maiores e reforçam o caso para minimizar por lei a exposição dos não-fumantes", concluiu.

Ação

Para Ian Willmore, diretor de comunicação da Action on Smoking and Health, "já está na hora da indústria do cigarro parar de fingir que o fumo passivo é inofensivo".

Mas o grupo Forest, que defende os direitos dos fumantes na Grã-Bretanha, afirma que o caso para a proibição não está tão claro. De acordo com um porta-voz do grupo "este novo estudo tem que ser colocado em perspectiva".

"Esta é uma pesquisa em cem e a vasta maioria não encontrou conexões entre o fumo passivo e males à saúde. E a ligação encontrada é muito pequena para ser significativa."

Para a Associação dos Fabricantes de Cigarro, "ainda há desacordo na ciência sobre os efeitos nocivos do fumo passivo. No ano passado a mesma Associação Médica Britânica disse que os riscos tinham sido superestimados. Agora este estudo diz que foram subestimados".

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