Roseana não negocia candidatura e aponta Lula como seu arqui-inimigo

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Publicado Quinta, 24 de Janeiro de 2002 às 21:56, por: CdB

Um rompimento claro dentro da aliança política atualmente existente no governo e congresso brasileiros, pelo menos para o primeiro turno da campanha eleitoral à Presidência da República. Essa é uma das conclusões claras que podem ser deduzidas do rumo de ação e discurso político recentemente adotado por Roseana Sarney (PFL-MA). Da mesma forma, também pode-se afirmar que é cada vez mais remota a possibilidade da governadora do Maranhão retirar sua candidatura à Presidência. "A visita ao presidente Fernando Henrique e o telefonema ao ministro José Serra são a prova cabal de que ela é candidata", afirma o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL-MG). A não ser que despenque nas pesquisas nos próximos dois meses, Roseana está decidida a disputar contra o ministro da Saúde, José Serra - e a oposição - o primeiro turno das eleições. Foi a certeza da candidatura que levou a governadora a pedir audiência com o Fernando Henrique. No encontro de duas horas e meia, durante jantar no Palácio da Alvorada, Roseana falou do temor de seu partido de que, desenhado este cenário - ela e Serra na disputa -, o clima entre PFL e PSDB fique tão azedo que impeça a formação de aliança no segundo turno. "Não podemos perder de vista que nosso adversário chama-se Luiz Inácio Lula da Silva (pré-candidato do PT)", disse a governadora ao presidente, em mais de um momento da conversa. O avanço dos tucanos sobre o PMDB foi outra razão da conversa com o presidente e motivo de séria preocupação para o PFL. Diante dos fatos - declarações e gestos de simpatia de peemedebistas na direção de Serra -, a governadora ligou para o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), na semana passada. Voltou a telefonar nesta quarta-feira, pouco antes de ligar para Serra, quando disse que iria encontrar-se com o presidente. Roseana explica os temores do PFL: a temperatura das críticas e das acusações durante a campanha pode elevar-se de tal forma que constranja os tucanos a subir em seu palanque. Além disso, dizem os pefelistas, o PSDB considera o PFL um partido de direita. Num segundo turno, o PSDB estará, segundo a tendência atual, entre a "direita" e a "esquerda" - provavelmente o PT de Lula. A possibilidade de uma aliança PSDB-PT aterroriza o PFL. A governadora, entretanto, prometeu ao presidente apoio integral e irrestrito ao candidato tucano, caso José Serra passe para o segundo turno. E garantiu que dificilmente haverá racha em seu partido. Até os mais resistentes se renderão ao vencedor, afirmou. Nesta quinta-feira, por intermédio do porta-voz Georges Lamazière, o presidente comentou o encontro, afirmando que "é muito cedo para dizer se haverá um só candidato da base aliada". Fernando Henrique trabalha pela convergência nessa direção, afirmou Lamazière.

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