Um rompimento claro dentro da aliança política atualmente existente no governo e congresso brasileiros, pelo menos para o primeiro turno da campanha eleitoral à Presidência da República. Essa é uma das conclusões claras que podem ser deduzidas do rumo de ação e discurso político recentemente adotado por Roseana Sarney (PFL-MA). Da mesma forma, também pode-se afirmar que é cada vez mais remota a possibilidade da governadora do Maranhão retirar sua candidatura à Presidência. "A visita ao presidente Fernando Henrique e o telefonema ao ministro José Serra são a prova cabal de que ela é candidata", afirma o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL-MG). A não ser que despenque nas pesquisas nos próximos dois meses, Roseana está decidida a disputar contra o ministro da Saúde, José Serra - e a oposição - o primeiro turno das eleições. Foi a certeza da candidatura que levou a governadora a pedir audiência com o Fernando Henrique. No encontro de duas horas e meia, durante jantar no Palácio da Alvorada, Roseana falou do temor de seu partido de que, desenhado este cenário - ela e Serra na disputa -, o clima entre PFL e PSDB fique tão azedo que impeça a formação de aliança no segundo turno. "Não podemos perder de vista que nosso adversário chama-se Luiz Inácio Lula da Silva (pré-candidato do PT)", disse a governadora ao presidente, em mais de um momento da conversa. O avanço dos tucanos sobre o PMDB foi outra razão da conversa com o presidente e motivo de séria preocupação para o PFL. Diante dos fatos - declarações e gestos de simpatia de peemedebistas na direção de Serra -, a governadora ligou para o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), na semana passada. Voltou a telefonar nesta quarta-feira, pouco antes de ligar para Serra, quando disse que iria encontrar-se com o presidente. Roseana explica os temores do PFL: a temperatura das críticas e das acusações durante a campanha pode elevar-se de tal forma que constranja os tucanos a subir em seu palanque. Além disso, dizem os pefelistas, o PSDB considera o PFL um partido de direita. Num segundo turno, o PSDB estará, segundo a tendência atual, entre a "direita" e a "esquerda" - provavelmente o PT de Lula. A possibilidade de uma aliança PSDB-PT aterroriza o PFL. A governadora, entretanto, prometeu ao presidente apoio integral e irrestrito ao candidato tucano, caso José Serra passe para o segundo turno. E garantiu que dificilmente haverá racha em seu partido. Até os mais resistentes se renderão ao vencedor, afirmou. Nesta quinta-feira, por intermédio do porta-voz Georges Lamazière, o presidente comentou o encontro, afirmando que "é muito cedo para dizer se haverá um só candidato da base aliada". Fernando Henrique trabalha pela convergência nessa direção, afirmou Lamazière.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Roseana não negocia candidatura e aponta Lula como seu arqui-inimigo
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Publicado Quinta, 24 de Janeiro de 2002 às 21:56, por: CdB
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