Rota de tráfico Brasil-Guiné Bissau ‘cresce’, diz estudo

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Publicado sábado, 7 de outubro de 2006 as 10:29, por: CdB

O tráfico de drogas para a Europa vem sendo cada vez mais abastecido por um “corredor lusófono transatlântico” formado pelo Brasil e as ex-colônias portuguesas na África. O alerta foi dado em um relatório da consultoria britânica de segurança Jane’s Foreign Report.

Segundo o documento, a droga proveniente da América do Sul é transportada para o continente europeu cada vez mais via países lusófonos como Guiné Bissau e Cabo Verde, ao passo que Angola e Moçambique servem de passagem para o tráfico destinado à África do Sul.

Na rota que leva à Europa – sobretudo a Portugal – o corredor lusófono vem se somar a outra rota de tráfico já tradicional no oeste africano, envolvendo os países da Baía do Benin (Nigéria, Gana, Togo e o próprio Benin), aponta o relatório.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC, sigla em inglês), 75% das apreensões de cocaína e metade das apreensões de heroína feitas na África ocorrem entre a Nigéria e a Mauritânia, ou seja, nos países que compõem as duas rotas de tráfico apontadas pelo estudo.

Guiné Bissau

Para os analistas britânicos, a apreensão de 674 kg de cocaína realizados no fim do mês passado na Guiné Bissau – a maior da sua história – aponta que o país pode estar “no centro” do corredor lusófono da droga.

“A Guiné Bissau é um ambiente particularmente oportuno para traficantes por causa de sua localização em relação à Europa e a América do Sul, sua falta de capacidade de policiamento, e suas conexões lingüísticas com o Brasil, Portugal e Cabo Verde”, disseram os autores do relatório.

O documento afirmou ainda que “as autoridades policiais européias estão particularmente preocupadas com Cabo Verde, onde várias remessas de cocaína, em grandes e pequenas quantidades, foram apreendidas”.

“Graças a conexões aéreas e marítimas, a ilha parece operar como uma escala entre três destinos: o fornecedor (a parte norte do Brasil), o mercado (Portugal/Europa) e o ‘armazém’ (Guiné-Bissau).”

“Com o rápido desenvolvimento do turismo e as conexões financeiras históricas com comunidades de imigrantes nos Estados Unidos, Cabo Verde é também um ambiente ideal para lavagem de dinheiro.”

Conexão sul-sul

As mesmas conexões lusófonas podem ser vistas no hemisfério sul, cujo destino final da droga que passa pelo Brasil é a África do Sul, afirmou o relatório.

“Traficantes brasileiros preferem enviar a cocaína destinada à África do Sul para aeroportos pouco seguros em Angola ou Moçambique, através de ‘mulas’ africanas, antes de transportá-la por via terrestre para seu destino final”, disseram os autores.

O documento afirmou também que Guiné Bissau e a ilha de Cabo Verde têm sido cada vez mais utilizadas no transporte de imigrantes ilegais que tentam chegar à Europa pelas ilhas Canárias espanholas.