Rotatividade de pessoal dos EUA no Iraque atrasa reconstrução

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Publicado quinta-feira, 5 de maio de 2005 as 17:28, por: CdB

 A alta rotatividade e a escassez de pessoal norte-americano especializado na administração de contratos de bilhões de dólares no Iraque estão levando o caos à reconstrução do país, já abalada pela violência.

Empresas que atuam no Iraque, auditores e o setor do governo dos EUA que dirige o programa de reconstrução, com um orçamento de 18,4 bilhões de dólares, afirmam que a falta de mão-de-obra em Bagdá é um problema.

“O grande empecilho é que não temos funcionários suficientes (no Iraque)”, disse o professor Steven Schooner, da Universidade George Washington.

Levantamentos do governo norte-americano divulgados na quarta-feira pelo Inspetor-Geral Especial para a Reconstrução do Iraque apontaram a alta rotatividade de funcionários como um fator que contribui para atrasar os planos de reconstrução.

Está sendo planejada uma auditoria para verificar se o processo de recrutamento e transporte dos funcionários está sendo eficaz.

Em um exemplo do problema, um contrato teve de entrar em concorrência de novo porque o responsável pela contratação deixou Bagdá, e as propostas dos concorrentes estavam em seu endereço de e-mail. Quando o novo funcionário chegou, o endereço de email não pôde ser acessado por questões de privacidade, disseram os auditores.

Além disso, documentos são constantemente perdidos porque os funcionários abandonam o Iraque, com medo da violência, e não deixam instruções detalhadas para seus sucessores, que às vezes demoram semanas para chegar, por causa de problemas de visto.

Schooner afirmou que um dos melhores exemplos da falta de supervisão desse tipo de trabalho é a prisão de Abu Ghraib, próximo a Bagdá, onde os prestadores de serviços se envolveram no escândalo de maus-tratos.

Muitos desses prestadores de serviço são retirados das Forças Armadas, principalmente da Força Aérea, que normalmente tem uma rotatividade de quatro meses, afirmou o major Tom Leonard, representante do Gabinete de Projetos e Contratações (PCO).

O PCO é responsável pela administração da maior parte da verba de 18,4 bilhões de dólares para a reconstrução do Iraque, e está autorizado a ter 69 funcionários para gerenciá-los. No fim do mês passado, só 41 estavam trabalhando.

Várias empresas que trabalham em projetos financiados pelos EUA no Iraque reclamaram, pedindo anonimato, da falta de continuidade e da alta rotatividade dos gerenciadores.

“Quando você começa a se acostumar com um, ele vai embora, e chega outro com idéias diferentes, e você tem de se adaptar de novo”, disse uma empresa.