O total de ocorrências em 2021 alcançou 4.521, com média de 12 roubos de carga por dia, o que gerou perdas diretas de R$ 389 milhões. Em 2017, quando foi anotado o pico de ocorrências, elas somaram 10.599.
Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro
Os roubos de carga registrados no estado do Rio de Janeiro caíram 9% em 2021, em comparação ao ano anterior. Esse foi o quarto ano consecutivo de queda desse tipo de crime.
Nota técnica, divulgada na quinta-feira pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revela que o resultado é o mais baixo dos últimos oito anos. Apesar disso, os roubos de carga continuam em patamares elevados.
O total de ocorrências em 2021 alcançou 4.521, com média de 12 roubos de carga por dia, o que gerou perdas diretas de R$ 389 milhões. Em 2017, quando foi anotado o pico de ocorrências, elas somaram 10.599.
O valor médio das cargas roubadas é R$ 86.007,14 cada, segundo a Firjan. A instituição destacou, entretanto, que os custos com contratação de segurança privada e seguros, provocados pelo roubo de carga, ultrapassam a perda direta.
Concentração
Elaborado com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o documento destaca que 97% dos casos de roubo de carga foram concentrados, em 2021, na região metropolitana do Rio de Janeiro, sendo que mais da metade ocorreu em apenas dez das 1.375 Circunscrições Integradas de Segurança Pública (CISP) do estado.
A região metropolitana compreende os municípios do Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Petrópolis, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica, Tanguá, Itaguaí, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu.
Embora ainda estejam no mapa de concentração desse delito, as CISP 59 (Duque de Caxias), CISP 64 (São João de Meriti) e CISP 34 (Bangu) tiveram redução dos casos de 38,4%, 29,1% e 17,8%, respectivamente.
As dez CISP que concentraram metade das ocorrências de roubo de carga no ano passado são cortadas pelas principais rodovias fluminenses (BR 040 – Rodovia Washington Luís; BR 101 – Avenida Brasil; BR 101 – Rodovia Niterói-Manilha; BR 116 – Rodovia Presidente Dutra; BR 493 – Arco Metropolitano; e RJ 104 – Rodovia Amaral Peixoto).
Entre essas, o destaque é a BR 493 – Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, conhecida como Arco Metropolitano, considerada fundamental para o estado do Rio. Ela foi idealizada para ser um corredor logístico, retirando veículos de carga dos centros urbanos, favorecendo a mobilidade urbana e a logística. O Arco Metropolitano liga as cidades de Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Queimados, Japeri, Seropédica e Itaguaí.
As 11 CISP cortadas pela BR-493 apresentaram incremento de 10% no roubo de cargas, em 2021. Na CISP – 60 Campos Elíseos, localizada em Duque de Caxias, responsável pela área onde há o entroncamento do Arco Metropolitano com a BR-040, o aumento registrado foi 26% no indicador de roubo de carga, com cerca de cinco ocorrências por semana em 2021. Essa foi a CISP que mais concentrou ocorrências no Rio de Janeiro, de acordo com a nota técnica da Firjan.
O município de São Gonçalo, composto pelas CISP 72, 73, 74 e 75, aparece também como concentrador de ocorrências, com expansão de 18% no número de casos em relação a 2020.
Segundo a Firjan, algumas ações têm sido implementadas para melhoria da segurança na região do Arco Metropolitano. A BR-493 foi incluída no programa de concessões do governo federal. Está em andamento a construção de um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na via.
Apesar disso, a federação considera fundamental que a região conte com ações efetivas no combate ao roubo de carga no entorno do Arco Metropolitano e nos entroncamentos com a BR-040 e com a BR-116, por meio da atuação integrada das forças de segurança, incluindo o combate a outros elos da cadeia, como a receptação de mercadoria roubada e o comércio ilegal.
Polícia Rodoviária
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio de Janeiro informou que realiza o monitoramento de todas as estradas federais por meio de suas centrais de comando e controle, estaduais e nacional, com câmeras, rádios e telefones. “Essas ferramentas permitem acompanhar, em tempo real, as ocorrências relevantes, com segurança, precisão e velocidade para que a tomada de decisão seja a mais eficiente e acertada possível”.
A PRF destacou que o planejamento do trabalho vem apresentando resultados positivos na redução dos casos de roubos de cargas e roubos em geral nas rodovias federais fluminenses, inclusive na BR-493. Em 2020, foi registrada queda de 14% nesses delitos. “Em 2021, houve aumento de 126% (caracterizado principalmente pela comparação com 2020, ano em que começou a pandemia)”. A PRF acrescentou que até 8 de março de 2022, a redução em comparação ao mesmo período do ano passado foi de 10%.
Com relação às rodovias federais que cortam o estado do Rio, os dados de roubos de cargas revelam que, em 2020, houve queda de 40%; em 2021, de 11%; e em 2022 até 8 de março, de 54%.
A PRF contestou a nota técnica da Firjan, informando que, em 2021, foram registradas 650 ocorrências de roubos de cargas em todas as rodovias federais do estado. “Isso demostra o quanto a Polícia Rodoviária Federal no Rio vem buscando, cada vez mais, diminuir todos os índices de criminalidade no Estado. Em 2021, por exemplo, no Arco Metropolitano, houve queda de 44% de roubos de cargas, veículos e pessoas se comparado com 2020”.
A corporação destacou que na última quarta-feira, em Duque de Caxias, conseguiu recuperar carga avaliada em quase R$ 300 mil. Acrescentou que no Arco Metropolitano será implantada a UOP (unidade operacional) mais moderna da PRF, com previsão de começar os trabalhos em julho deste ano, “trazendo mais segurança para as pessoas que passam pela via”.
Polícia Civil
Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Estado de Polícia Civil informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o combate a roubos de carga é um trabalho integrado que envolve também a PRF-RJ, no caso de delitos nas rodovias federais, e a Polícia Militar, no caso de entrada em comunidades.