Deixando para trás prédios danificados e plantações destruídas, tropas israelenses levantaram nesta quinta-feira o cerco de um mês a uma cidade no norte de Gaza usada por militantes palestinos como plataforma de lançamento de ataques com mísseis.
Veículos blindados deixaram grande parte de Beit Hanoun, um dia depois da operação em bairros densamente povoados em busca dos esquadrões que disparam os foguetes contra Israel. Os ataques com mísseis foram intensificados depois do anúncio do plano do premiê israelense Ariel Sharon de se retirar de Gaza. Israel quer acabar com os grupos militantes antes da retirada. Distúrbios internos inéditos aumentaram o caos das últimas semanas em Gaza, onde grupos palestinos rivais lutam pelo poder, em antecipação à retirada de Israel.
O Exército israelense instaurou o cerco a Beit Hanoun depois que um míssil matou uma criança e um homem em território israelense no final de junho. Os foguetes Qassam, de baixa precisão, em geral provocam mais terror do que vítimas.
As tropas saíram da maior parte de Beit Hanoun na quinta-feira, mas continuaram acampadas em fazendas no leste, na fronteira com Israel. Um balão militar de vigilância flutuava sobre o norte de Gaza. – A operação não terminou. Vamos responder a quaisquer ameaças contra Israel a partir desta área- disse uma fonte militar israelense.
Militantes islâmicos do Hamas, que prometeram destruir Israel, deram indícios de que podem abandonar a tática de disparar foguetes. Estes ataques raramente causam vítimas, mas resultam em ações militares punitivas em busca dos extremistas.- A resistência continuará mas, definitivamente, a forma de resistência será revista de maneira a servir aos interesses dos palestinos- disse à Reuters o porta-voz do Hamas Sami Abu-Zuhri.
Não houve relato de ataques de foguetes contra Israel na quinta-feira, mas não ficou claro se a pausa acontece porque os militantes decidiram não disparar, ou se o Exército prejudicou sua capacidade.
Pelo menos quatro palestinos morreram em conflitos na Faixa de Gaza nesta quarta-feira, quando Israel ampliou suas ações no norte da região. O Exército disse que helicópteros dispararam várias vezes contra militantes que preparavam o lançamento de foguetes contra Israel.
A principal agência de ajuda da ONU em Gaza anunciou que estava retirando a maior parte de sua equipe estrangeira, citando preocupações de segurança com o avanço israelense.
O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, deu indicações de que o Exército pode ampliar suas operações em Gaza se não conseguir impedir que militantes disparem foguetes contra Israel.