O vírus da síndrome respiratória aguda grave (Sars) pode ser mais contagioso do que se imaginava, sendo transmissível através de água ou comida contaminadas, gotículas de muco, urina, fezes e suor, disseram cientistas na sexta-feira.
Pesquisadores do hospital universitário de Groningen, na Holanda, e da Primeira Universidade Médica Militar, em Guangzhou, na China, disseram que suas descobertas ressaltam a necessidade de medidas mais estritas de controle de transmissão. Na época da epidemia, o uso de máscaras respiratórias se disseminou nos países mais afetados.
Os novos estudos mostram que elas podem não ser suficientes para proteger as pessoas da infecção. Os cientistas holandeses descobriram receptores que permitem ao vírus da Sars se ligar a células dos pulmões, dos rins, do revestimento do intestino delgado e das glândulas de suor, artérias e veias. O estudo chinês obteve resultados semelhantes. As duas pesquisas foram publicadas esta semana no British Journal of Pathology.
– Revelamos uma pequena peça do quebra-cabeça…, que indica que, uma vez que esteja no sangue, o vírus pode afetar todos os tipos de órgãos – afirmou à Reuters Harry van Goor, um dos supervisores do estudo holandês.
– Há uma forte possibilidade de que a Sars seja transmitida pela água ou pelo contato com a pele. Nossas descobertas podem beneficiar muita gente…e fazer as pessoas serem muito cautelosas no contato com pacientes de Sars.
A Sars, uma forma grave de pneumonia, apareceu pela primeira vez em 2002, no sul da China. A doença infectou mais de 8.000 pessoas em quase 30 países, e matou perto de 800. Apesar de a epidemia ter sido controlada, especialistas em saúde pública acreditam que ela pode voltar.
Os sintomas da Sars incluem febre alta acompanhada de tosse e dificuldade para respirar.
O vírus que a causa é da família dos vírus corona, envolvido no resfriado comum e numa série de doenças animais. Os países mais afetados pelo vírus foram China, Hong Kong e Canadá.
Os cientistas chineses analisaram tecidos de quatro pessoas que morreram de Sars. “Como resultado de nosso trabalho, recomendamos novas medidas de controle de infecção, que incluem a obrigação dos pacientes de usar luvas, roupas descartáveis e proteções nos olhos…e evitar beijar ou tocar outras pessoas”, disse Yanqing Ding, que chefiou a pesquisa chinesa, de acordo com o Journal of Pathology.