Satanização da Economia Brasileira

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Publicado terça-feira, 15 de março de 2005 as 22:29, por: CdB

Estamos passando por um período em que o crescimento econômico do Estado brasileiro passa a ter duas faces: uma é o otimismo econômico no mercado internacional das finanças das contas do Brasil, e outra é falta de um programa adequado desenvolvimentista para o crescimento das riquezas internas nacionais. Quem mais ganha dentro desse arcabouço econômico são os bancos. O País passou a ser muito visado pelas grandes instituições financeiras para expandir seus investimentos e lucros. O governo está dando lastro para que o crescimento dos bancos ocorra. Mas o efeito deste mesmo lastro afeta a microeconomia e os pequenos e médios comerciantes e produtores, pois uma das prioridades do Ministério da Fazenda e do Banco Central é a oferta de liberdade para que os bancos decidam quanto irão cobrar sobre suas tarifas – só para se ter uma idéia, o Bradesco recolheu R$ 5,8 bilhões por meio de tarifas bancária. 

Uma pesquisa da ABM Consulting, realizada com seis grandes bancos brasileiros, revela que as receitas com serviços bancários, incluindo tarifas, cresceram de R$ 4,8 bilhões em 1995 para R$ 19,2 bilhões até setembro de 2004, e já correspondia a 113,4% de todo o gasto operacional de um banco, pois cobre toda a folha de pagamento e sobra, cujos valores significam 36% do total dos lucros do sistema bancário nacional. Apenas seis entre os 27 bancos não obtiveram crescimento. O Itaú revelou no começo deste ano ter conseguido em 2004 o maior lucro líquido da história dos bancos de capital aberto, R$ 3,776 bilhões. O Bradesco atingiu R$ 3,06 bilhões, seguido pelo Banco do Brasil, com R$ 3,024 bilhões e o Unibanco que teve um saldo positivo de R$ 1,2 bilhão. Só o HSBC triplicou sua arrecadação saltando de US$ 83 milhões, em 2003, para US$ 281 milhões, em 2004, o que significa um crescimento de 238,5%. Só o recolhimento com tarifas é possível pagar as despesas com pessoal de alguns bancos.

Fora as tarifas, os cidadãos brasileiros pagam as maiores taxas de juros do mundo, ficando em 18,75% ao ano. Segundo os dados da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), revelado em janeiro de 2005, as correntistas pagam em média 8,31% de juros de cheque especial ao mês (160,63% ao ano) e 6,21% mensais em média para os empréstimos pessoais (106% ao ano). Pessoas jurídicas também pagam juros altíssimas, taxas de 4,18% ao mês e para capital de giro é 5,75%, estando igual às das pessoas físicas. No total são gastos R$ 118 bilhões de reais por ano em juros, que são repassados em forma de pagamento aos investidores. No ano de 2003, os lucros líquidos dos maiores bancos já superavam grandes empresas como a Ambev,que lucrou R$ 1,4 bilhão; Klabin, R$ 1,01 bilhão; Siderúrgica de Tubarão, R$ 910 milhões; Embraer, R$ 588 milhões, e a Sadia, R$ 447 milhões, entre muitas outras.

Com essas taxas, o País continua entre aqueles que possuem os maiores spreads bancários da face da terra. Spread é a diferença entre a taxa cobrada pelas instituições financeiras para o empréstimo de dinheiro e as que pagam para captar recursos. O spread brasileiro atingiu, em 2004, em média, 28,1 pontos percentuais, de acordo com o Banco Central. Isto significa que se uma pessoa emprestou R$ 500, em 2004, no Brasil, gerou uma arrecadação líquida para o banco, ou seja, criou um spread de R$ 213,50. Mas se esse indivíduo tivesse feito um empréstimo, de mesmo valor e na mesma época, na Argentina ou no Japão, teria gerado um spread de R$ 77,00 e R$ 9,00, respectivamente.

Apenas vemos lucros gerados em favor do grande capital, mas a desigualdade social é crescente. Programas como “Fome Zero” não atingiu seu objetivo, mas o planejamento econômico está alinhado como quer a equipe do governo. As elevadas tributações e o relaxamento para livre iniciativa do sistema financeiro só servem para que o governo honre suas dívidas no mercado internacional, com o intuito de manter laços diplomáticos a fim de prestar confiança das autoridades internacionais. Defende a te