Saúde das mulheres indígenas é discutida em encontro

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado terça-feira, 13 de julho de 2004 as 02:57, por: CdB

A saúde das mulheres indígenas é um dos principais temas da I Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, que está sendo realizada, em Brasília, até esta terça-feira.

– As etnias têm que se unir, senão a vaca vai para o brejo – disse Ermelinda, arrancando risos dos participantes, a maioria mulheres.

Entre elas, as ministras Matilde Ribeiro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial; e Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres.

Para Azelene Kaingang, o sistema de atendimento médico das populações indígenas precisa de um programa de atendimento às mulheres.

– Na questão da saúde, não há hoje um programa específico de atenção à saúde das mulheres indígenas. E os que pretendem ser não contemplam a questão cultural, não se pode ter um tratamento igual ao das mulheres não-indígenas – afirmou Azelene.

Outro tema fundamental da conferência, segundo Azelene, é o combate à fome e à pobreza dos indígenas, em especial das mulheres.

– Tudo passa pela garantia territorial, porque a terra é o suporte de tudo para a gente – disse.

De acordo com Azelene, a maior parte da demarcação de terras indígenas já foi concluída, mas em 90% delas existe problema com invasores.

– No Brasil, hoje, há mais de 1,8 milhão posseiros ilegais em terras públicas, mais da metade deles estão em terras indígenas – alertou.

A população indígena brasileira é de cerca de 734 mil pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2001. Destes, em torno de 48% vivem nas aldeias, sendo que cerca de 110 mil são mulheres.

A ministra Nilcéia Freire reconheceu que o país não desenvolveu, até os dias atuais, uma política direcionada para essa parcela da população brasileira.

– A partir desta conferência, uma das nossas metas é traçar alguns programas específicos para as mulheres índias, levando em consideração a realidade delas – afirmou.

Matilde Ribeiro acrescentou que o governo ainda está identificando as demandas dessa população.

– Neste momento, nós estamos entendendo que há uma conexão grande entre as necessidades dos indígenas e dos quilombolas: passa pela garantia de infra-estrutura, pela questão educacional, saúde e pela visibilidade desses povos com as suas vidas tradicionais – disse.