Sauditas promovem expurgo na família real com prisão de príncipes e bilionários

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Publicado Domingo, 05 de Novembro de 2017 às 16:25, por: CdB

Segundo as autoridades sauditas de Riad, os presos colocaram o "benefício pessoal" acima do interesse público. Desviaram recursos do país.

 

Por Redação, com agências internacionais - de Riad

 

O bilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal, de 62 anos, foi preso neste domingo, no âmbito de um processo anticorrupção patrocinada pelo rei Salman, que criou um comitê para combater desvios no país. As investigações, no entanto, encobrem o maior expurgo das últimas décadas, às vésperas de uma importante mudança na condução política do país.

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O bilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal, de 62 anos, foi preso neste domingo

A operação também deteve outros 10 membros da família real da Arábia Saudita e mais 38 pessoas, entre ex-ministros, ex-vice-ministros e homens de negócios. A maior parte deles estava em hotéis de luxo da capital Riad.

Monarquia

Dono de um patrimônio estimado em cerca de US$ 20 bilhões, o príncipe Alwaleed é um dos homens mais ricos e influentes do mundo e possui investimentos em empresas como Twitter, Apple, News Corporation e Citigroup.

Além disso, é acionista de maioria do grupo Rotana, que controla dezenas de emissoras de rádio e TV em língua árabe. Apesar de não ter nenhuma posição no governo saudita, o príncipe sempre opinou sobre questões relevantes para a monarquia, como seu apelo no ano passado em defesa das mulheres ao volante.

Segundo as autoridades de Riad, os presos colocaram o "benefício pessoal" acima do interesse público. Desviaram recursos do país. Alwaleed é neto de Ibn Saud, primeiro rei e fundador da Arábia Saudita, e sobrinho do atual monarca.

Poder

A ação contra a elite política e empresarial também atingiu o chefe da poderosa Guarda Nacional, o príncipe Miteb bin Abdullah, que foi preso e substituído pelo príncipe Khaled bin Ayyaf.

Isso consolida o controle do rei Salman sobre as instituições de segurança que anteriormente haviam sido lideradas por ramos separados da família.

A notícia sobre as prisões circulou nas primeiras horas deste domingo, após o rei Salman decretar a criação de um comitê anticorrupção presidido por seu filho favorito de 32 anos, o príncipe Mohammed, que acumulou poder desde que saiu do anonimato há menos de três anos.

Tradição conservadora

O novo órgão recebeu amplos poderes para investigar casos, emitir mandados de prisão, restringir viagens e congelar ativos. “A pátria não existirá a menos que a corrupção seja desarraigada e os corruptos sejam responsabilizados”, diz o decreto real.

Segundo analistas, a ação vai além da corrupção e teria como objetivo remover a potencial oposição ao príncipe Mohammed, que defende uma ambiciosa e polêmica agenda de reformas.

Em setembro, ele anunciou que a proibição do direito de dirigir das mulheres poderia ser revogada. Tenta, assim, romper décadas de tradição conservadora ao promover entretenimento público e visitas de turistas estrangeiros.

Repressão

Em relação à política econômica, o príncipe Mohammed cortou os gastos em algumas áreas. E planeja uma grande venda de ativos do Estado saudita.

“A repressão mais recente rompe com a tradição de consenso dentro da família dominante; cujos funcionamentos internos secretos são equivalentes aos do Kremlin, na época da União Soviética”, escreveu James Dorsey. Ele é professor sênior da Escola S. Rajaratnam de Estudos Internacionais da Singapura.

“O príncipe Mohammed, em vez de forjar alianças, estende seu controle de ferro para a família dominante; os militares e a Guarda Nacional, para combater o que parece ser uma oposição mais ampla na família. Bem como as forças armadas para suas reformas e a guerra do Iêmen ”, disse Dorsey.

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