Schroeder exonera ministra que comparou Bush a Hitler

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Publicado Segunda, 23 de Setembro de 2002 às 22:08, por: CdB

O chanceler da Alemanha, Gerhard Schroeder, que garantiu um segundo mandato de quatro anos no domingo, nas eleições mais disputadas das últimas cinco décadas no país, anunciou nesta segunda-feira a renúncia de sua ministra da Justiça, Herta Daeubler-Gmelin. Daeubler-Gmelin havia provocado forte reação dos Estados Unidos ao supostamente comparar a posição do presidente norte-americano George W. Bush em relação ao Iraque à estratégia do líder nazista Adolf Hitler de usar a política externa para desviar as atenções dos problemas domésticos. Schroeder, em sua primeira entrevista coletiva desde que derrotou o conservador Edmund Stoiber, disse que a ministra - que alegou que suas declarações foram retiradas de contexto -- havia entregado uma carta afirmando que não permaneceria no cargo. Margem estreita no Parlamento Depois das eleições, Schroeder apressou-se a rebater as alegações de seus críticos, de que o país enfrentaria uma crise política devido à maioria de apenas nove cadeiras que sua coalizão governista conquistou nas eleições. O governo de centro-esquerda dos social-democratas e dos Verdes - estes liderados pelo ministro do Exterior Joschka Fischer - detinham uma maioria parlamentar de 21 assentos antes do pleito de domingo. Os resultados finais da eleição só serão conhecidos no dia 9 de outubro. Em seu discurso de vitória, Schroeder reconheceu as dificuldades políticas que poderia enfrentar. "Nós temos tempos duros diante de nós e vamos superar tudo juntos", declarou. Mercados em baixa Nesta segunda-feira, os mercados financeiros reagiram ao resultado da eleição com uma queda nos preços, enquanto analistas políticos diziam que o novo governo de Schroeder seria muito fraco para introduzir reformas na terceira maior economia do mundo. Edmund Stoiber, o derrotado líder da coalizão conservadora dos democratas cristãos e da União Social Cristã (CDU-CSU), previu que o novo mandato do chanceler (chefe de governo) não duraria um ano. "Com essa coalizão dos social-democratas com os Verdes, a Alemanha não recuperará sua saúde econômica e não romperá o isolamento da Europa e da América no qual Schroeder mergulhou o país", acrescentou. Uma das primeiras tarefas de Schroeder é a de consertar as relações com os Estados Unidos, abaladas por sua rígida oposição a uma possível guerra liderada pelos norte-americanos contra o Iraque pela polêmica das supostas declarações sobre Bush de sua ministra da Justiça. Um porta-voz de Bush havia classificado os supostos comentários de "ultrajantes", enquanto a assessora de segurança nacional do presidente norte-americano, Condoleezza Rice, afirmava que as relações bilaterais tinha sido "envenenadas". Outra baixa pós-eleitoral ocorreu nas fileiras do partido dos Democratas Livres, que seriam os mais prováveis parceiros de coalizão num governo da CDU-CSU. O vice-líder do partido, Juergem Moelleman, renunciou nesta segunda-feira depois de receber fortes críticas de seus correligionários por comentários anti-semitas feitos durante a campanha eleitoral. O líder dos democratas livres, Guido Westerwelle, disse que a polêmica causou "danos maciços" ao partido, em termos de votos.

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